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Grupo de acionistas da Brava Energia imprime primeiras digitais com novo CFO – objetivo agora é eficiência

Décio Oddone, CEO da Brava Energia (Ilustração: Daniela Arbex)

A Brava Energia passa por um momento de reestruturação. Sediada em um suntuoso edifício nos arredores da Praia do Botafogo, no Rio de Janeiro, a petroleira nascida da fusão entre 3R Petroleum e Enauta entende que é preciso inserir mais eficiência à operação. A ideia é eliminar cargos duplicados, sobretudo de gerências, diminuir custos da exploração onshore (em terra) e implementar um plano plurianual para dar mais previsibilidade aos investidores.

Em comunicado ao mercado na manhã desta quinta-feira (23), a petroleira informou uma mudança chave para dar tração a esse plano: a escolha de Luiz Carvalho, ex-analista do setor de óleo e gás do BTG Pactual, para os cargos de CFO e relações com investidores. Carvalho, segundo uma fonte com conhecimento da operação, será o “guardião do caixa” da companhia e terá como objetivo melhorar as sinergias entre as funções corporativas e de negócios e simplificar processos.

Com experiência na cobertura do setor, Carvalho trabalhou em diversas instituições financeiras, tanto no buy side como no sell side, de bancos como HSBC e UBS, mas também é egresso da indústria de óleo e gás, com passagens por Shell e Transocean.

A companhia avaliou o momento para a troca como oportuno, já que, segundo uma fonte, “não tem um grande liability management [gestão de passivos] pra ser feito e nem um grande contrato comercial pra ser celebrado”.

O fim da influência da Starboard

Embora o mercado não apostasse em trocas no corpo diretivo, parecia questão de tempo para que Pizarro deixasse a companhia, uma vez que o executivo é ligado à gestora Starboard, que se desfez de sua participação de 5% na Brava nos últimos meses. A Starboard perdeu representatividade com a fusão entre 3R e Enauta e as mudanças no conselho, que elegeu Richard Kovacs, da Yellowstone e eBrasil, como chairman em agosto. A gestora chegou a ter mais de 20% de participação na 3R Petroleum e, antes do acordo com a Enauta, tentou forçar uma fusão com outra concorrente: a PetroReconcavo.

“A Starboard tinha uma influência negativa. Ela saiu, em princípio, da 3R, mas continuou agindo nos bastidores, o que fazia as coisas ficarem confusas e perturbava o ambiente”, relata uma fonte com conhecimento do negócio. “A Starboard é formada por pessoas que têm uma visão de curtíssimo prazo. E uma companhia de petróleo tem que ter uma visão de longo prazo, não é um negócio de curto prazo para se resolver.”

Além das trocas já anunciadas, a missão de Carvalho na companhia é liderar um corte de custos operacionais oriundos da fusão. Entende-se que a união dos ativos entre 3R e Enauta deixou penduricalhos como um overlap nos cargos de gerência ainda não corrigidos. Hoje, cerca de 90 pessoas trabalham em cargos de gerência da Brava, montante acima do ideal, que seria algo próximo a 60 – ainda assim um contingente acima em relação a Prio, concorrente direta no mercado. O número de gerentes chegou a ser de 120 logo após a combinação dos ativos.

Brava: reestruturação em curso

As mudanças são as primeiras digitais do bloco de acionistas que hoje compõem mais de 20% do capital da Brava: Yellowstone, Jive e Queiroz Galvão formaram um grupo nos últimos meses com o intuito de tomar as rédeas do futuro da companhia. Uma fonte próxima da companhia classifica a situação da Brava como skin in the game: ou seja, um momento para assumir riscos e ter eficiência operacional para atingir os resultados previstos.

No trimestre encerrado em junho, a alavancagem da Brava calculada em dólares e medida pela proporção dívida líquida entre e Ebitda ficou em 3,11 vezes. A dívida líquida consolidada somava R$ 8,9 bilhões.

O InvestNews apurou que a Brava analisa a possibilidade de recompra de ações após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre deste ano, marcada para 5 de novembro, caso a situação dos covenants esteja confortável. O papel da companhia está avaliado em torno de R$ 14,90 ultimamente e acumula queda de aproximadamente 40% em 2025. Ainda que o preço do barril de petróleo do tipo Brent esteja se desvalorizando no mundo (este ano, a perda supera os 10%), há o entendimento de que a penalização à companhia tem sido exagerada em relação ao desempenho de suas concorrentes.

Como uma junior oil que cresceu em uma indústria que demanda capital intensivo, a Brava tenta fazer ajustes na rota para ser mais assertiva na alocação de capital em 2026, ano em que pretende ultrapassar a marca de 100 mil barris de óleo por dia, com a entrada de quatro novos poços na operação.

A petroleira alcançou uma produção média diária de 91,8 mil barris de óleo ao longo do terceiro trimestre de 2025, um aumento de 7% em relação aos três meses anteriores, atingindo um recorde trimestral de produção nos segmentos onshore e offshore.

“É uma firma pequena em uma indústria que demanda capital intensivo. Ela precisa investir, mas também precisa ter cuidado para aumentar de tamanho de forma saudável, focando no offshore, onde o custo de exploração é muito mais alto se comparado ao onshore, podendo chegar a US$ 100 milhões”, avalia uma fonte.

(Colaborou Juliana Machado)

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Autor: Felipe Mendes

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