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IA no agronegócio enfrenta desafios humanos e regulatórios no Brasil

IA no agronegócio enfrenta desafios humanos e regulatórios no Brasil

Com potencial para transformar profundamente a maneira como as commodities são produzidas, a Inteligência Artificial (IA) tem avançado no agronegócio brasileiro. Ainda assim, o casamento do setor com a tecnologia enfrenta barreiras técnicas, regulatórias e humanas. 

Em painel do Global Agribusiness Festival (GAFFFF), nesta quinta-feira (5), em São Paulo, Guilherme Panes, head de agricultura digital da Jacto, destacou que a IA deve ser vista como uma ferramenta para ampliar a inteligência humana, mas não para substituí-la. “Seremos melhores com ela, pois a máquina ajuda a entender o que fazer. Mas, a decisão ainda precisa ser humana.”

Entre os exemplos de aplicação já em uso, Panes disse que a Jacto dispõe de veículos autônomos para pulverização em lavouras de laranja — isso desde 2013. Hoje, esses equipamentos contam com sistemas que detectam maturidade de frutas com visão computacional e algoritmos de aprendizado de máquina para prever e evitar perdas. 

Regulação sem atrapalhar a inovação

Sobre o assunto, o advogado Hélio Moraes, sócio do escritório PK Advogados, defendeu um marco regulatório equilibrado, que dê segurança jurídica sem inibir o potencial da inovação. 

Segundo ele, o Projeto de Lei 2338, em discussão no Congresso e inspirado nas normas europeias, é uma oportunidade para o Brasil criar um modelo próprio e adequado à realidade nacional, inclusive no agro. “A IA pode ter impacto maior que o fogo ou a eletricidade. Mas, para isso, precisamos de regras claras, governança e pessoas capacitadas”, pontuou.

Moraes também destacou o papel da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) na articulação com os setores produtivos e alertou para os riscos do uso indevido de dados sensíveis, como os monetários e produtivos de agricultores.

Já o gerente sênior de mecanização agrícola da BP Bionergy, Mário Sérgio Salani, lembrou que os principais obstáculos à adoção da Inteligência Artificial não são apenas técnicos, mas culturais e geracionais.

“Temos tecnologia para conectar máquinas no campo com centros de comando a quilômetros de distância. Mas temos dificuldade de conectar com as pessoas”, afirmou.

De acordo com Salani, agricultores mais velhos muitas vezes enfrentam resistência ou dificuldade para operar novas tecnologias, enquanto os mais jovens nem sempre se interessam pela vida no campo. “É preciso mostrar propósito e resultado. Mostrar que a IA vem para simplificar e melhorar o trabalho.”

Agro brasileiro como referência global

Apesar dos desafios, o entendimento de quem está no campo é de que o Brasil pode se tornar referência internacional no uso de IA no agro, dada sua relevância como produtor de commodities e adoção precoce de tecnologias agrícolas. 

“O agro brasileiro está à frente e pode influenciar padrões globais, se tiver uma regulação calibrada e apostar em qualificação”, disse o advogado Hélio Moraes.

Mesmo assim, os painelistas alertam que o caminho exige investimento em infraestrutura digital, formação técnica, governança de dados e engajamento das pontas da cadeia produtiva.

“Não adianta correr para a IA se não extrair valor do que já temos. O desafio é usar bem os dados e criar inteligência interna nas propriedades”, apontou Guilherme Panes.

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Autor: Janize Colaço

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