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Ibovespa a 160 mil pontos? Veja as projeções dos bancos para o 2º semestre de 2025

O Ibovespa subiu 15,44% no primeiro semestre de 2025 e encerrou o pregão da última segunda-feira (30) a 138.854,60 pontos. O mercado se mostra otimista mesmo em um cenário de taxa básica de juros a 15% ao ano e temor fiscal latente no País. Porém, justamente por conta desses fatores que paira a dúvida se o bom humor do investidor de renda variável vai continuar no segundo semestre de 2025. Segundo analistas ouvidos pela reportagem, a tendência de alta deve persistir, mas há riscos a serem enfatizados.

De acordo com Luciano Telo, CIO (chief investment officer) do UBS Global Wealth Management no Brasil, o fluxo de recursos para a Bolsa de Valores brasileira no primeiro semestre foi impulsionado principalmente por fatores globais que beneficiaram toda a América Latina — e não apenas pelos resultados das firmas locais. “O dólar fraco provoca um reposicionamento dos ativos globais, com o capital migrando para outras regiões, já que muitos investidores estão excessivamente expostos a ações nos Estados Unidos. Além disso, houve uma revisão para baixo no crescimento americano, enquanto vários outros países passaram a ter projeções mais favoráveis”, explica.

Já Ricardo Peretti, estrategista da Santander Corretora, explica que a saída de capital do mercado americano começou com o Liberation Day, dia em que o presidente estadunidense, Donald Trump, começou a aplicar tarifas em produtos vindos de outros países. Ele pontua que as tarifas não fizeram os investidores desacreditarem na bolsa americana, mas que eles notaram que havia uma alocação exacerbada nos EUA. “Esse recurso está indo para o restante do mundo, uma parte vai para outros mercados desenvolvidos, como a Europa, mas um pedaço vai para mercados emergentes e acaba beneficiando a Bolsa brasileira”, afirma.

Além do dinheiro advindo dos EUA, as incertezas no Oriente Médio têm sido outra alavanca para a Bolsa brasileira, mas de uma forma um pouco diferente. Jerson Zanlorenzi, chefe da mesa de ações e derivativos do BTG Digital, diz que as tensões na região resultaram em volatilidade para os mercados desenvolvidos, o que acaba beneficiando os mercados emergentes. Entretanto, esse benefício dura até o momento que os investidores enxergarem que os conflitos não ganharão proporções maiores, pois uma guerra de grande porte e mais duradoura tende a causar fuga para mercados mais seguros, o que pode pesar sobre o Ibovespa.

O que esperar do Ibovespa no 2° semestre de 2025?

Em linhas gerais, os analistas esclarecem que o fluxo do investidor global em direção aos mercados emergentes deve continuar no próximo semestre. O estrategista-chefe do Itaú BBA, Daniel Gewehr, vê o Ibovespa barato, negociado a preço sobre lucro (P/L) de 8 vezes, abaixo de sua média histórica que é de cerca de 10 vezes. Vale lembrar que esse múltiplo mostra, em linhas gerais, quantos anos o investidor deve esperar para o retorno do investimento realizado na companhia com base nos lucros dela.

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Ele pontua que as companhias da Bolsa conseguiram aumentar o lucro em 16% no primeiro trimestre de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior. “Isso mostra que as firmas são grandes vencedoras do cenário macroeconômico adverso com a Selic a 15% ao ano”, diz Gewehr. O Itaú BBA estima que o Ibovespa deve encerrar 2025 aos 145 mil pontos, uma alta de 4,42% na comparação com o fechamento de segunda-feira (30).

O analista diz que o que deve pautar o mercado nos próximos meses é a política monetária. Para o Itaú, o corte de juros deve começar no final do primeiro trimestre de 2026. Todavia, Gewehr aponta que o mercado antecipa essas mudanças e indica que o investidor deve comprar ativos de risco agora para surfar com a alta depois.

O JPMorgan estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve desacelerar no segundo semestre de 2025 devido às altas taxas de juros, mas a inflação em queda deve permitir que o Banco Central (BC) alivie as taxas até o final do ano. O JPMorgan prevê a Selic a 10,50% ao ano no término de 2026. “Essa flexibilização pode beneficiar significativamente o mercado acionário brasileiro, especialmente as firmas de alta alavancagem. As ações brasileiras continuam muito subavaliadas, por isso as estimativas apontam que os ativos locais ainda são atraentes”, reforçam Rajiv Batra, Emy Shayo Cherman e Anindita Gandhi, que assinam o relatório do JPMorgan.

Para o Santander, a Bolsa deve terminar 2025 por volta dos 160 mil pontos, salto de 15,22% em relação ao fechamento de segunda-feira (30). O otimismo do banco espanhol têm origem no mesmo fator apontado pelo Itaú, a queda da taxa de juros. Na visão de Ricardo Peretti, a Selic terá seu primeiro corte na primeira reunião do próximo ano, com os juros encerrando 2026 em 13% ao ano. “Esse é outro fator que pode encher ainda mais o mercado acionário de investidores estrangeiros, principalmente pelo fato de a Bolsa estar sendo negociada a 8 vezes o P/L, abaixo da média de 10,5 vezes”, aponta.

Jerson Zanlorenzi, chefe da mesa de ações e derivativos do BTG Digital, vai na mesma linha. Ele diz que a Bolsa negocia a 9,4 vezes o P/L, enquanto a média histórica chega a 11,9 vezes. Com base nesses números, ele estima que o Ibovespa tende a encerrar 2025 cotado a 160 mil pontos, uma alta de 15,22% em relação ao último fechamento.

O que pode mudar as previsões atuais para o Ibovespa?

O analista do BTG afirma que o caminho para o Ibovespa chegar nos 160 mil pontos não será linear. “Temos boas perspectivas, mas também vemos bastante convicção de volatilidade. O cenário pode mudar com bastante velocidade. Fica muito difícil saber se daqui a duas horas teremos um novo conflito armado e o petróleo pode subir 15%, precificando toda a inflação do mundo e mudando os ciclos de juros ditados pelos bancos centrais”, argumenta Zanlorenzi.

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Além do fluxo de investidor estrangeiro e do corte de juros, o mercado também pode observar uma alta no índice devido ao cenário eleitoral, que começa a ser precificado até o fim desse ano. Luciano Telo, do UBS, reforça que uma mudança na postura da atual gestão para o início do corte de gastos pode ser positiva para o Ibovespa. A soma de todos esses fatores pode fazer com que a Bolsa atinja alta de 17% até o fim do ano. O raciocínio para Telo chegar a este número vem do quanto o Ibovespa precisa avançar para atingir a média histórica de Preços sobre Lucro (P/L).

O JPMorgan diz que pesquisas indicando uma troca de governo podem animar o mercado, que almeja uma gestão que resolva o déficit das contas públicas via corte de gastos ao invés do aumento da arrecadação. “Embora a 14 meses de distância, a narrativa eleitoral se mostra vital. Pesquisas evidenciam crescente rejeição ao presidente Lula e aumento da competitividade dos candidatos da oposição para a corrida à Presidência da República”, afirmam Rajiv Batra, Emy Shayo Cherman e Anindita Gandhi.

Qual o porcentual da carteira que o investidor deve ter em Bolsa?

O otimismo dos analistas está elevado, contudo, eles mesmo preveem volatilidade ao longo desse semestre e, com a Selic a 15% ao ano, correr riscos pode ser inimaginável para o investidor. Ainda assim, eles reforçam que quem aportou em Bolsa no começo do ano está com uma rentabilidade de 15,44%, enquanto os investimentos atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) tiveram um rendimento de 6,36% no mesmo período.

No entanto, eles comentam que o aporte em renda variável de fato não é para todos os perfis. Se o investidor for conservador, o melhor focar na renda fixa. A partir do perfil moderado, pode começar a se aventurar. O BTG Pactual recomenda que o investidor moderado tenha 7,5% da carteira em ações, já o mais arrojado deve possuir 12% da carteira. O UBS recomenda que o investidor tenha 10% dos seus ativos em Bolsa brasileira e o Santander recomenda uma alocação de 4% do patrimônio nos ativos de riscos nacionais.

Ou seja, há um grande otimismo dos analistas dos principais bancos e corretoras do mercado com a chegada de dinheiro estrangeiro para a região da América Latina. Porém, eles reforçam que o cenário interno brasileiro mostra muita incerteza, com juros altos e o cenário fiscal não resolvido.

Tal quadro indica cautela e alocação baixa nas ações do Ibovespa no segundo semestre de 2025, mesmo com perspectiva de alta para a Bolsa de Valores.

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Autor: Bruno Andrade

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