Ibovespa nas máximas além de 142 mil, dólar a R$ 5,41: como payroll animou mercado


O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, renovando máximas históricas, embora não tenha conseguido sustentar o patamar dos 143 mil pontos registrado no melhor momento, após dados dos Estados Unidos reforçarem as apostas de queda nos juros ainda em setembro na maior economia do mundo.
Já o dólar à vista fechou a sessão com queda de 0,61%, aos R$ 5,4139, acumulando baixa de 1,11% nos últimos três dias. Na semana a divisa dos EUA recuou 0,15% e, no acumulado do ano, 12,38%.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 1,17%, a 142.640,14 pontos, chegando a marcar 143.408,64 pontos na máxima do dia. Na mínima, registrou 141.003,45 pontos. Com tal desempenho, encerrou a semana com acréscimo de 0,86%.
O volume monetário somou R$ 21,8 bilhões, de uma média diária de R$23,8 bilhões no ano.
O grande destaque do mercado ficou para o payroll, o relatório de emprego dos EUA.
A economia dos EUA criou 22 mil postos de trabalho em agosto, abaixo dos 75 mil postos da mediana de pesquisa da Reuters com economistas. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 4,3%, em linha com o projetado.
Após a divulgação dos números, os rendimentos dos Treasuries apresentavam fortes baixas, em meio à leitura de que o caminho para o Fed cortar juros este mês está aberto.
“O dado divulgado hoje confirma um menor dinamismo do mercado de trabalho, o que pode levar a balança de riscos do Federal Reserve a pender para o início do afrouxamento monetário em setembro”, avalia Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
A visão é que, com o corte de juros, recursos que iriam para a renda fixa norte-americana tende a ir para outros mercados, especialmente emergentes como o Brasil.
“Temos um combo bastante positivo para o Brasil nesta manhã, em que lá fora há um maior apetite por risco também nas demais bolsas, tanto Estados Unidos como Europa. Um grande destaque também é para a queda do DXY. Tem enfraquecimento do dólar frente a outras moedas no exterior, o que acaba colaborando para um fortalecimento do real frente ao dólar”, afirma Bruna Sene, analista de renda variável da Rico.
Após os dados de hoje, Sung passou a considerar um corte na taxa de juros de 0,25 ponto percentual (p.p.) em setembro. “No entanto, a implementação das novas tarifas de importação limita o espaço para um ciclo mais agressivo de quedas, já que essas medidas tendem a pressionar a inflação”, avalia.
Para ele, o dilema do Fed é equilibrar dois riscos: reduzir os juros cedo demais, correndo o risco de estimular a economia antes que a inflação esteja devidamente ancorada, ou esperar mais tempo para avaliar a trajetória dos preços, correndo o risco de aprofundar a desaceleração da atividade.
Já Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, aponta que, com os últimos dados indicando uma desaceleração intensa no mercado de trabalho americano, o temor do mercado passa a ser de que a economia possa desacelerar mais rápido do que o esperado, algo que ainda não é visível nos dados de atividade. O indicador divulgado hoje consolidou as apostas de que o Fed deve cortar juros nas próximas três reuniões do ano, em setembro, outubro e dezembro, mas a dúvida persiste em relação a intensidade, já que o mercado de trabalho foi a principal preocupação demonstrada pelo presidente do FED, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole.
“Lembrando que, como a taxa de juros dos Estados Unidos é o balizador de preço dos ativos globais, o movimento tende a ser positivo para curva de juros e ativos de risco das demais economias. Por isso, após a divulgação do indicador, a curva de juros brasileira e o dólar também operam em queda”, explica.
“Não só o arrefecimento na geração de vagas animou os mercados, mas o avanço na taxa de desemprego e o resultado abaixo do esperado no salário médio. Além da expectativa de queda dos juros neste mês, podemos ter cortes em outubro e dezembro”, avalia Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, para quem há espaço para que o Ibovespa mire os 150 mil pontos ainda em 2025, “não por mérito do Brasil”, mas devido ao diferencial de juros, explica Takeo.
A taxa de desemprego nos EUA foi de 4,2% para 4,3%, conforme o previsto. “Lembrando que o número mágico, que o Powell sempre fala que ele gostaria de ver, seria 3,5%. Está bem perto”, destaca Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Conforme acrescenta, o nível de desemprego apurado em agosto é muito baixo, mas não é nada relevante para dizer que tem uma crise nos EUA, que o pais está tendo um hard landing pouso suave.
Para Cruz, o número não preocupa em termos de indicação de recessão. “Nada disso, mas já é suficiente para o Fed conseguir justificar um pouco mais o porquê vai cortar juros mesmo com a inflação subindo”, afirma o estrategista da RB.
(com Estadão Conteúdo)
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Autor: Lara Rizério