Juliana Marins: ‘Estou triste, segurei seu corpo a noite inteira’, lamenta voluntário


Ele subiu o Monte Rinjani, na Indonésia, com um grupo de amigos montanhistas, na esperança de encontrar Juliana Marins com vida. Mobilizado por um apelo nas redes sociais, Agam Rinjani tentou salvá-la — mas não conseguiu. Mesmo assim, ao lado dos mesmos amigos, passou a noite inteira segurando seu corpo à beira de um penhasco de 500 metros, sob chuva e queda de pedras, para que ela não escorregasse ainda mais. Com a voz embargada pela exaustão e pela dor, ele deu entrevista ao GLOBO:
— Não consegui dormir até agora. É muito triste. Não conseguimos salvá-la. Tinha muita gente ajudando. Ficamos com ela a noite toda na beira de um penhasco. Segurei Juliana para que ela não descesse mais 300 metros. É muito triste — lamentou o alpinista voluntário, considerado um herói por brasileiros comovidos com sua coragem.
Em uma publicação nas redes sociais, parentes de Juliana afirmam que ela poderia ter sobrevivido se o socorro tivesse chegado no tempo previsto. A família agora pede mobilização por justiça.
Juliana, de 26 anos, sofreu uma queda enquanto caminhava com um guia pela trilha do vulcão. A comoção no Brasil chegou até o outro lado do mundo e mobilizou, além das equipes oficiais de resgate, voluntários como esse experiente montanhista.
— Vi um post no Instagram, e uma grande mobilização por ela. Na hora, liguei para meus amigos montanhistas e falei: “Vamos lá?” E todos concordaram.
Ele conhece bem o Monte Rinjani. Trabalha há anos no local, já presenciou tragédias semelhantes e afirmou que o resgate de Juliana foi uma das experiências mais duras de sua vida:
— Já vi duas pessoas não resistirem em todo esse tempo que trabalho na montanha. Tem muitos resgates. Amanhã estarei lá de novo. Alguns pontos do monte estão fechados, mas outros não.
Durante a madrugada, enquanto o corpo era mantido seguro no penhasco, os voluntários ainda não haviam conseguido se alimentar ou buscar atendimento médico.
— Estou machucado, machuquei a perna, e meus colegas alpinistas também se feriram. Ainda nem conseguimos ir ao hospital. Só conseguimos comer agora, uma hora da manhã aqui.
A bravura do grupo logo se espalhou pelas redes sociais, e Agam passou a ser chamado de “anjo” por brasileiros tocados por sua atitude. Com humildade, ele respondeu:
— Vi que me chamam de anjo no Brasil. Agradeço, mas não consegui salvá-la. Vocês me agradecem muito, mas eu que agradeço.
Juliana não sobreviveu. Mas, graças a esse gesto de coragem e solidariedade, seu corpo foi encontrado e devolvido à família. Para o montanhista, fica a frustração de não ter conseguido evitar o pior.
— Não estou feliz. Queria que ela estivesse aqui — e ela não está. Queria ter salvado Juliana.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Agência O Globo