Juros fecham em queda com tarifas de Trump e falas de diretor do BC no radar
O ambiente externo trouxe alívio ao mercado de juros, com queda generalizada das taxas nesta quarta-feira (23), favorecida ainda pelas declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David. A taxa do contrato de Depósito Intermonetário (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,665%, de 14,728% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 cedeu de 14,19% para 14,01%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 13,85%, de 14,06%.
A postura mais moderada do presidente dos EUA, Donald Trump, tanto em relação a Jerome Powell quanto à taxação da China, colocou dólar e juros futuros em baixa, sendo que a moeda passou boa parte da manhã abaixo da marca de R$ 5,70.
Trump disse que não tem intenção em demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dose também que buscará “fazer um acordo justo de comércio com a China” – ontem o secretário do Tesouro, Scott Bessent, havia dito que o impasse tarifário com a China é insustentável. Segundo fontes, os EUA avaliam reduzir as tarifas de importação dos atuais 145% para algo entre 50% e 65% ao país asiático.
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A economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, aponta também a reação das taxas às falas de Nilton David, hoje em seminário do JP Morgan, realizado em Washington em paralelo às reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI). “Teve um aspecto bem específico do discurso a que o mercado se apegou muito, sobre o ciclo atual de juros. Ele mencionou que o movimento mais longo, o aperto mais intenso, já foi promovido”, disse. “O mercado pode ter interpretado que os ajustes futuros não tendem a ser mais tão longos, nem mais tão intensos”, acrescentou.
Nilton afirmou que a Selic já estava contracionista no fim do ano, mas o Copom decidiu “ir mais longe” em função da incerteza. “A política monetária brasileira é hoje a mais contracionista dos últimos tempos”, acrescentou David. Ele pontuou que a elevação da Selic em 300 pontos-base, parcelada em três reuniões do Copom, foi uma espécie de ‘front-loading’ do ciclo de aperto monetário.
Argenta também viu sinais dovish nas menções do diretor à atividade, embora ele tenha reiterado que o objetivo do BC é a inflação. “Ele falou que houve um arrefecimento bastante significativo das concessões de crédito e atribuiu isso aos efeitos da política monetária. E o segundo ponto é quando fala sobre o IBC-Br”, diz a economista. Segundo Nilton, a atividade econômica, conforme sugere o índice, excluindo a agropecuária, parece ter atingido um platô nos últimos seis meses, um sinal de que o aperto da política monetária está funcionando.
Desse modo, as apostas em altas mais brandas da Selic vão ganhando terreno. Para o Copom de maio, os 41 pontos-base precificados nesta tarde apontavam 64% de chance de alta de 0,5 ponto porcentual e 36% para 0,25 ponto. Para a reunião de junho, havia 100% de chance de alta de 0,25 ponto. O pico da Selic era projetado em 14,95% e a taxa para o fim do ano, em 14,55%, o que mostra que o mercado vê espaço para cortes em 2025. Os cálculos são do economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, segundo o qual a curva já mostra chances marginais de queda da Selic a partir de setembro. Para o fim de 2026, a curva aponta taxa de 13%.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Estadão Conteúdo