‘Mataram a minha filha’: mãe de Juliana Marins quebra silêncio e demonstra indignação


“Indignação muito grande. Esses caras mataram a minha filha”. Foi expressando inconformismo e profunda tristeza que a mãe de Juliana Marins, a publicitária brasileira de 26 anos que morreu após uma queda no Monte Rinjani, na Indonésia, quebrou o silêncio do luto. Desde a trágica notícia do acidente, a bióloga Estela Marins falou pela primeira vez sobre o assunto ontem, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.
Manoel Martins, pai da jovem, relatou que o guia que estava com os viajantes na trilha se afastou para fumar, quando deixou sua filha para trás. E detalhou as vagarosas decisões do guia, do responsável pelo parque nacional e pela equipe de resgate Basarnas.
“Juliana falou: “Estou cansada”. E ele falou: “Senta ali. Fica sentada”. E o guia nos disse que ele se afastou por cinco a dez minutos de onde Juliana estava para fumar. Para Fumar! Depois desses cinco a dez minutos de caminhada, dessa meia hora fumando, ele voltou. Quando voltou, não encontrou a Juliana. Isso foi por volta de 4h da manhã. Quando ele avistou Juliana, eram 6h08 da manhã.”
A brigada começou a subir o monte por volta de 8h30 da manhã do dia 21 de junho. O trajeto até o local do acidente tinha cerca de seis horas de duração. Às 14h, a brigada chegou ao local onde estava Juliana.
Manoel Marins afirmou, durante a entrevista:
“O único equipamento que eles tinham era uma corda (…) Jogaram a corda na direção da Juliana. Fizeram uma segunda tentativa: o guia, no desespero, amarrou a corda na cintura. Ele tentou descer com essa corda amarrada na cintura sem ancorar a corda.”
Após as malsucedidas tentativas de resgate, a administração do parque foi informada que o caso tinha complexidades. Seria preciso, então, acionar o Basarnas, a defesa civil local, cuja sede fica a duas horas do Monte Rinjani.
A equipe dos Basarnas chegou ao local no dia 21 de junho às 19h, horário indonésio. Juliana não estava no trecho esperado. No dia seguinte, domingo (22), o resgate foi interrompido devido ao mau tempo. O corpo de Juliana foi encontrado no dia 23, segunda-feira.
Mariana Marins, irmã, contou que a família irá à Justiça. Para Manoel, firmas e guias devem ser responsabilizados.
“Os culpados, no meu entendimento, são: o guia, que deixou a Juliana para fumar; a firma que vende os passeios, eles são vendidos em banquinhas! Mas o primeiro é o coordenador do parque, que demorou a acionar a defesa civil. Em momento algum reconheceu o erro nem pediu perdão para nós”, disse o pai.
Drama em meio ao luto
Em meio à dor, a família enfrenta dificuldade no processo de repatriação do corpo. A falta de previsão seria devido a alterações no voo que traria o corpo até o Galeão na noite de ontem.
Mariana Marins usou as redes sociais para cobrar a companhia aérea Emirates pelo atraso no traslado. De acordo com a irmã de Juliana, os restos mortais não foram embarcados sob a alegação de superlotação no bagageiro.
“O voo que traria Juliana já estava confirmado, estando tudo pago e acertado, sairia de Bali no domingo, às 19h45. Porém, misteriosamente, o bagageiro ficou “lotado”, e a Emirates disse que só traria Juliana em outro voo se fosse até São Paulo. Que não se responsabilizaria pela chegada dela ao Rio. Está muito difícil”, lamentou Mariana Marins, ao GLOBO.
A firma informou que apura o caso.
A autópsia no corpo de Juliana, feita no Hospital Bali Mandara, em Denpasar, na Indonésia, concluiu que a causa da morte foi trauma, com fraturas, lesões em órgãos internos e hemorragia intensa. De acordo com o médico legista Ida Bagus Alit, responsável pelo procedimento, a morte ocorreu 20 minutos após o trauma, mas ainda não está claro qual das quedas foi fatal.
Angustiada com a passagem do tempo, Mariana começa a ter desconfianças:
“Parece proposital, já que o embalsamamento tem apenas alguns dias de validade. O medo é que, em nova autópsia, descubramos mais coisas.”
Juliana caiu em uma ribanceira na noite do dia 20, uma sexta-feira, e foi vista viva por drones algumas horas depois, a cerca de 300 metros abaixo da trilha. Após quatro dias de buscas interrompidas pelo mau tempo, o corpo da publicitária foi encontrado sem vida a cerca de 600 metros do ponto da queda.
No sábado, o governador Lalu Muhamad Iqbal, que comanda a província de Sonda Ocidental, onde fica o vulcão Rinjani, publicou uma carta aberta. O conteúdo foi compartilhado no Instagram. Na gravação, ele atribuiu as dificuldades de resgate às “forças da natureza”, culpando as chuvas persistentes e uma névoa pela demora, mas admitiu não existir estrutura adequada para situações do tipo na região.
“Estamos profundamente abalados por essa tragédia”, disse o governador indonésio.
No comunicado, o representante do governo admitiu que a equipe tem menos agentes do que seria preciso para para salvamentos verticais.
Cercado pela repercussão da morte da viajante, ele afirmou ainda que o governo adotará medidas para melhorar a capacidade de reação a ocorrências:
“A infraestrutura de segurança precisa ser aprimorada, já que essa montanha deixou de ser apenas um destino de trilha para se tornar uma atração turística internacional (…) Estou comprometido, como governador, a iniciar uma revisão abrangente com todos os envolvidos na região do Rinjani.”
The post ‘Mataram a minha filha’: mãe de Juliana Marins quebra silêncio e demonstra indignação appeared first on InfoMoney.
O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim deixaremos mais pessoas por dentro do mundo das finanças, economia e investimentos!
Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: Agência O Globo