Milei enfrenta 3ª greve geral sob pressão por crédito do FMI e alta rejeição social


O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta nesta quarta-feira (9) a terceira greve geral desde que assumiu o governo, em meio à crescente insatisfação popular com as medidas de ajuste fiscal e à expectativa pela liberação de um empréstimo de US$ 20 bilhões (R$ 121 bilhões) do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Convocada pelas principais centrais sindicais do país — entre elas a CGT, a CTA e a CATT — a paralisação de 24 horas foi precedida por uma marcha até o Congresso Nacional, marcada para o meio-dia, com a adesão de organizações sociais, servidores públicos e aposentados. Os sindicatos pedem uma mudança na política econômica, que tem gerado cortes orçamentários, aumento do desemprego e queda contínua no consumo.
“Diante de uma desigualdade social intolerável e de um governo que não atende às reivindicações por melhor renda e qualidade de vida, nós, os trabalhadores, paramos”, afirma o comunicado da CGT.
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Impactos e setores paralisados
A greve atinge setores estratégicos como transporte ferroviário e aéreo, escolas, bancos, universidades, serviços públicos, coleta de lixo, correios e transporte de cargas. Apenas os serviços médicos e postos de combustível devem funcionar parcialmente. A exceção é o transporte por ônibus, já que a UTA (União TransViários Automotor) informou que manterá a operação após passar por um processo de conciliação obrigatório.
A Aerolíneas Argentinas, principal companhia aérea do país, cancelou 258 voos e estima prejuízo para mais de 20 mil passageiros.
firmas brasileiras também foram impactadas: a Gol cancelou 28 voos, e a Latam suspendeu parte das operações, permitindo remarcações e reembolsos.
Contexto político e econômico
A greve acontece no mesmo dia em que Milei viaja ao Paraguai para se reunir com o presidente Santiago Peña, movimento interpretado por críticos como uma tentativa de evitar o desgaste interno. Em paralelo, o governo argentino tenta acelerar a liberação de ao menos 40% do valor do acordo com o FMI, diante da pressão cambial que forçou o Banco Central a vender mais de US$ 1,8 bilhão em reservas nas últimas semanas.
Apesar dos cortes severos — que resultaram em milhares de demissões e redução de repasses a províncias —, o governo comemora a queda da inflação, de 211% em 2023 para 118% no acumulado recente, além de uma redução pontual da pobreza de 52,9% para 38%, mesmo patamar do início da gestão.
A insatisfação social, no entanto, cresce. As centrais sindicais denunciam o empobrecimento da população, exigem reajuste salarial, aumento nas pensões e melhores condições de trabalho. A repressão violenta a um protesto de aposentados em março teria sido, segundo os sindicalistas, o estopim para a greve de hoje.
Riscos políticos e eleições
A pressão social se intensifica às vésperas das eleições legislativas de outubro, em um cenário em que Milei ainda sustenta apoio entre 40% e 45% do eleitorado, segundo as principais pesquisas.
A manutenção desse respaldo dependerá, em grande parte, da capacidade do governo em equilibrar o ajuste fiscal com a redução dos impactos sociais — e de concretizar o acordo com o FMI, essencial para evitar uma nova crise cambial.
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Autor: Marina Verenicz