O que as suspeitas de fraudes em bancos nos EUA revelam sobre a fragilidade do sistema financeiro americano
Em comparação com o colapso do First Brands Group e da Tricolor Holdings, os prejuízos divulgados pelos credores do Zions Bancorp e Western Alliance Bancorp pareceram pequenos — um valor na casa das dezenas de milhões, não bilhões.
Ainda assim, a revelação de fraudes em empréstimos reacendeu o debate acalorado em Wall Street sobre se a era do capital abundante e de alto risco está prestes a causar um castigo merecido para bancos e instituições não bancárias.
Sobre o Zions e a Western Alliance, os supostos culpados foram os mesmos: fundos de investimento ligados a Andrew Stupin e Gerald Marcil, entre outros, tomaram emprestado os fundos para financiar a compra de empréstimos hipotecários comerciais em dificuldades.
Uma ação judicial movida pela Zions revelou que sua subsidiária, o California Bank & Trust, forneceu US$ 60 milhões aos mutuários, e que uma investigação constatou que muitas das notas promissórias e propriedades subjacentes foram transferidas para outras entidades — alegações que o advogado de Stupin e Marcil disse que eles “negam veementemente”.
As revelações se somam a outros recentes estouros de empréstimos, incluindo o da financiadora de veículos subprime Tricolor Holdings, que entrou com pedido de falência no mês passado e provocou uma liquidação quase total de algumas dívidas.
Isso foi seguido pelo colapso da fornecedora de autopeças First Brands Group, que devia mais de US$ 10 bilhões a alguns dos maiores nomes de Wall Street.
Perdas com a suposta fraude
Embora Zions e Western Alliance tenham relatado perdas relativamente pequenas com a suposta fraude, a reação dos investidores em ações foi muito mais significativa: 74 dos maiores bancos dos EUA perderam mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado na quinta-feira (16).
“Este é um setor em que os investidores — especialmente aqueles que são novos no setor — tendem a ‘vender primeiro e perguntar depois’”, afirmaram analistas do JPMorgan Chase em nota. Os analistas, Anthony Elian e Michael Pietrini, afirmaram, no entanto, questionar “por que todos esses ‘eventos pontuais’ de crédito estão aparentemente ocorrendo em um curto período de tempo”.
Brandon Tran, advogado que representa Stupin e Marcil, afirmou que as acusações contra seus clientes são “infundadas” e deturparam os fatos.
“Estamos confiantes de que, assim que todas as evidências forem apresentadas, nossos clientes serão totalmente absolvidos”, escreveu Tran em um comunicado por e-mail.
Representantes da Western Alliance e da Zions não quiseram comentar.
Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, disse na terça-feira (14), antes da última rodada de divulgações, que os investidores deveriam ser “avisados” de que mais problemas de crédito provavelmente surgiriam.
Sobre a possível fraude, ele foi incisivo: “Onde você vê uma barata, provavelmente há outras”, disse Dimon após seu banco divulgar os lucros do terceiro trimestre e destacar o prejuízo de US$ 170 milhões causado pelo Tricolor. “Todos deveriam ser avisados sobre isso.”
Grandes bancos como o dele podem absorver facilmente baixas contábeis desse porte, mas os totais são mais preocupantes para os credores regionais, alguns dos quais foram pegos em uma crise própria há menos de três anos.
A ação do Zions despencou 13% na quinta-feira (16), a maior queda em seis meses, após a firma divulgar uma baixa contábil de US$ 50 milhões no empréstimo subscrito por sua unidade California Bank & Trust. O Western Alliance Bancorp despencou 11% após a firma informar que concedeu empréstimos aos mesmos tomadores.
Investidores menos tensos
Na manhã desta sexta-feira, no entanto, os investidores se confortaram com o fato de que nenhuma nova preocupação significativa foi levantada nos relatórios de lucros do terceiro trimestre divulgados por vários bancos regionais, incluindo o Fifth Third, que registrou uma provisão menor do que o esperado pelos analistas.
As ações do Fifth Third subiram 2,6% no início do pregão em Nova York. O Zions avançou 0,7% e a Western Alliance subiu 1,5%.
Havia outros sinais de que executivos do setor acreditam que o problema pode estar contido: o montante de dinheiro que os maiores bancos reservaram no terceiro trimestre para cobrir o que eles acreditam que seus futuros totais de empréstimos inadimplentes podem representar.
Enquanto o JPMorgan aumentou sua provisão para US$ 3,4 bilhões, seus cinco concorrentes mais próximos estavam, coletivamente, reservando o menor valor em dois anos. Um deles, o Morgan Stanley, não adicionou nada.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: Bloomberg