O Ministério da Agricultura declarou na última quarta-feira (18) que o Brasil está oficialmente livre de gripe aviária em granjas comerciais, após um período de 28 dias sem novos surtos. O primeiro surto atingiu uma granja no sul do país no mês passado, desencadeando proibições comerciais que agora podem ser revertidas com a recuperação do status de livre da doença.
O BBI avaliou que a recente resolução do caso de gripe aviária representa um passo importante para a normalização das exportações brasileiras de aves. Segundo o banco, no momento da publicação da análise, 21 países — responsáveis por 37% das exportações brasileiras de aves — haviam imposto embargos ao país como um todo, enquanto outros 19 restringiam apenas o estado do Rio Grande do Sul, afetando 23% das exportações daquele estado (ou cerca de 3% do total nacional). Já Emirados Árabes Unidos, Japão, Catar e Jordânia — que respondem por 22% das exportações totais — limitaram as restrições à cidade onde o caso foi registrado.
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Na visão dos analistas, com a resolução do evento sanitário, é provável que os países que hoje mantêm um embargo total passem a adotar medidas mais regionalizadas, o que seria essencial para mitigar os impactos sobre a indústria avícola brasileira. O BBI destacou que, em maio, os volumes de exportação de aves caíram 14% na comparação anual, enquanto nas duas primeiras semanas de junho a queda foi de 25%. Caso as restrições sejam flexibilizadas nas próximas semanas, o banco espera uma recuperação nas exportações, impulsionada por uma demanda global ainda forte e uma oferta global restrita.
Em relação ao mercado doméstico, o BBI observou que os efeitos até agora parecem controlados, com preços mais baixos, mas relativamente estáveis nas últimas semanas.
O Bradesco BBI ressaltou que a extensão do impacto dependerá da duração das restrições, mas, no momento, o cenário ainda indica um efeito limitado sobre os produtores de aves no país. Além disso, o banco acredita que a resposta rápida e eficaz ao primeiro caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) deve facilitar a adoção de novos tratados de regionalização em possíveis eventos futuros.
A Genial Investimentos avalia que a retomada do status sanitário reforça a resiliência do sistema de controle agropecuário brasileiro e é uma notícia positiva para players como BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3), que enfrentaram um certo nível de pressão nas exportações de aves desde o surto.
A casa lembra que as negociações para o retorno das exportações ocorrem de país para país e não em conjunto. Portanto, alguns países podem optar por liberar exportações de plantas de abate em outros estados do Brasil e ainda assim manter uma restrição regional na localidade do surto por mais tempo. analistas ressaltam que a China costuma seguir esse procedimento.
Ainda que a liberação oficial da WOAH e as renegociações bilaterais sejam etapas pendentes, o movimento restaura parte da confiança internacional e tende a destravar os volumes nos próximos trimestres a medida que a retirada das restrições ocorrerem. Isso, por sua vez, também ajuda a expurgar a potencial pressão nos preços do mercado doméstico por redirecionamento da oferta que seria impedida de ser exportada caso as restrições se mantivessem.
Para a JBS, a Genial reiterou recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 54,50. Já para a BRF, a recomendação foi mantida em manter, com preço-alvo de R$ 19,50, refletindo um cenário ainda desafiador para a firma, apesar de sinais de recuperação operacional.
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Autor: Felipe Moreira
