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Olheiros do futebol ganham aliado poderoso: IA já impacta a descoberta de talentos

Olheiros do futebol ganham aliado poderoso: IA já impacta a descoberta de talentos

Por muito tempo, a figura do olheiro foi quase mítica no futebol. Um olhar atento na arquibancada de um campo qualquer, um caderninho com anotações preciosas, e a promessa de um futuro brilhante para um garoto que se destacasse entre dezenas de outros. Quantas vezes não vimos reportagens sobre quem descobriu um determinado craque? Mas esse cenário tão presente na formação de craques brasileiros começa a mudar. E o responsável pela transformação atende por duas letras cada vez mais presentes em todos os setores da sociedade: IA, a Inteligência Artificial.

Se por um lado a IA tem gerado receio e incerteza em muitas profissões, no futebol, ela surge como uma ferramenta poderosa e, ao mesmo tempo, como concorrente direta de uma função histórica do olheiro.
Um exemplo dessa revolução digital é o programa CUJU, operado pela firma alemã Rogon. A proposta é simples e ousada: democratizar o acesso às peneiras de futebol por meio da tecnologia. O jovem se cadastra, realiza exercícios físicos orientados por vídeo e é avaliado por inteligência artificial, que atribui uma pontuação baseada em performance. Os melhores ranqueados entram no radar de olheiros e clubes parceiros — tudo de forma virtual.

“A ideia é democratizar as peneiras, fazer uma fase inicial de forma virtual e depois indicar estes atletas para alguns clubes”, explica Roger Wittmann, CEO da Rogon, empresário com influência no futebol alemão e com nomes de peso no currículo, como Luiz Gustavo e Roberto Firmino.

Em Santa Catarina, o CUJU promove “A Jornada”, programa que passou por cidades como Florianópolis e Joinville e terá sua final em Itajaí. Nessa fase, os atletas com melhor desempenho no app foram convocados para testes presenciais no estádio do Barra FC, parceiro do Hoffenheim, da Alemanha. Júlio César, goleiro com três Copas do Mundo no currículo, será um dos jurados.

Outras plataformas seguem o mesmo caminho. A Footbao, por exemplo, combina inteligência artificial com análise humana. Com mais de 100 mil jovens cadastrados, ela promove torneios entre escolinhas e utiliza vídeos e reconhecimento facial para avaliação técnica dos atletas.

Na Europa, essa prática também se consolida. A aiScout, com sede em Londres, permite que jogadores amadores participem de testes virtuais para clubes profissionais. Entre os usuários da plataforma estão os gigantes Chelsea e Burnley, da Premier League, além da Major League Soccer (MLS), dos EUA.

“Dizemos aos olheiros: ‘Vá até esse lugar porque há três jogadores realmente se destacando para o padrão do Chelsea’. Esse será o melhor uso do seu tempo”, afirmou Richard Felton-Thomas, diretor de operações da aiScout, em entrevista à CNN Internacional.

Novos olheiros

Até mesmo clubes com departamentos de scouting tradicionais adotaram soluções baseadas em IA. O Sevilla, da Espanha, lançou em 2024 o Scout Advisor, em parceria com a IBM. A ferramenta, construída a partir da plataforma watsonx, combina dados quantitativos e relatórios qualitativos para identificar talentos com precisão maior — uma evolução natural para um clube conhecido por revelar nomes como Sergio Ramos.

A ascensão da IA, no entanto, não significa o fim dos olheiros — mas sim uma reconfiguração de seu papel. “A incorporação de tecnologia na avaliação de atletas é inevitável. Ela não vai substituir os avaliadores, especialmente na iniciação esportiva, mas vai mudar como as avaliações iniciais em lote são feitas”, explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil.

Segundo ele, os profissionais que souberem usar a IA a seu favor terão vantagem: “A tecnologia cria uma nova categoria entre os olheiros — a dos que vão, finalmente, conseguir enriquecer nessa função”.

Para Rafael Luz, da firma de consultoria tecnológica Keeggo, o impacto da IA pode ir além da descoberta de talentos. “Ela qualifica o processo de avaliação e melhora a experiência do jovem atleta, que passa a ter clareza sobre seu desempenho, caminhos de evolução e oportunidades reais de aprimoramento. Se bem aplicada, pode beneficiar todos os envolvidos.”

Na prática, a inteligência artificial tem potencial para se tornar uma grande aliada dos olheiros — ajudando a filtrar talentos em meio a milhares de candidatos e oferecendo análises baseadas em métricas objetivas como velocidade, impulsão, precisão de passe e finalização. Mas, para isso, é preciso encarar a mudança não como uma ameaça, e sim como uma oportunidade.

Enquanto clubes, empresários e plataformas investem na tecnologia, o futebol de base caminha para uma nova era: menos dependente do “olho clínico” solitário e mais aberto aos dados e à ciência. E para os garotos sonhadores dos quatro cantos do país, o sonho de se tornar jogador profissional talvez nunca tenha sido tão acessível — desde que se tenha um bom desempenho diante das câmeras, claro.

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Autor: danilolavieri

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