Oportunidades de investimento em um cenário de estabilização de juros
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou em mais 0,25% a taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira, sendo esta a sétima alta consecutiva desde a volta da política de aperto monetário em setembro de 2024, quando subiu os juros de 10,5% para 10,75%.
Em seu comunicado, o comitê destaca diversos elementos que justificam o ciclo contracionista como as incertezas vindas do campo internacional – agora não mais pela guerra de tarifas, mas pela trajetória fiscal da economia americana e pelos conflitos no Oriente Médio.
Aqui no Brasil, elementos que contribuem para uma política monetária restritiva continuam sendo a atividade da economia brasileira que, ainda que tenha apresentado moderação, traz resiliência do consumo e um mercado de trabalho aquecido. Da mesma forma, as expectativas de inflação continuam desancoradas e o quadro da política fiscal, expansionista.
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Com todos esses elementos, a novidade trazida pelo comitê vem da sinalização de que o ciclo de alta de juros será interrompido e que a política monetária continuará restritiva por muito tempo, por conta da desancorarem das expectativas. Com isso, a nossa estimativa é de que as taxas de juros permaneçam nos 15% por bastante tempo, voltando a cair apenas no segundo trimestre de 2026.
Por que a taxa de juros Selic é tão importante?
As taxas de juros são o centro gravitacional dos preços dos ativos. Desta forma, uma sinalização contundente como essa nos incentiva a perguntar o que muda no cenário de investimentos daqui em diante, dado que o ciclo de aumento de juros parou. Quais oportunidades surgem a partir deste momento?
Uma estatística interessante surge ao examinar o que aconteceu nos ciclos passados de mesma característica. Analisando os principais ciclos de pausa da política monetária brasileira nos últimos 20 anos, com foco nos anos de 2005, 2008, 2015, 2018 e 2022, encontramos padrões interessantes para retornos de alguns ativos.
Os ativos prefixados apresentaram desempenho superior ao Certificado de Depósito Intermonetário (CDI) em todos os ciclos analisados. A performance relativa mais expressiva ocorreu nos ciclos de 2008 e 2018, com retornos de 174% e de 184% do CDI respectivamente, com retorno médio de 141% do CDI. Esse resultado pode ser explicado pela antecipação dos agentes econômicos quanto a queda futura das taxas de juros, tornando os ativos prefixados mais atrativos, trazendo a valorização desses papéis.
Os ativos atrelados à inflação também apresentaram desempenho positivo nesse cenário de estabilização do aumento de juros, com desempenho positivo em todos os ciclos, com exceção de 2005, quando ficaram abaixo do CDI.
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Em termos de performance relativa, os ativos atrelados à inflação se destacaram em 2018, o IMA-B (índice de referência deste grupo de papéis) entregou 301% do CDI, superando inclusive os prefixados. Em média os ativos renderam 154% do CDI nos cenários de ciclos similares. Esse resultado reflete não apenas a queda da taxa real de juros, mas também a percepção de proteção contra a inflação.
A maior duração da pausa tende a reforçar o comportamento pró-renda fixa, pois amplia a janela de oportunidade para captura de retornos via marcação a mercado e carrego. Assim, como estamos diante de um ciclo de estabilização de juros aparentemente longo, oportunidades como essa na renda fixa parecem ser ainda mais atrativas.
Importante dizer que o futuro é sempre incerto, mas o passado pode nos trazer lições para melhor lidar com nossas alternativas de investimentos.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Estadão Conteúdo