Petróleo e mais commodities têm forte queda com tarifas de Trump ameaçando demanda

(Bloomberg) – O petróleo despenca, assim como outras commodities, caso de metais industriais a grãos também caem, enquanto o ataque tarifário do presidente Donald Trump intensificou uma guerra comercial que ameaça prejudicar a economia global e a demanda por matérias-primas. O ouro caiu após atingir um novo recorde.

As taxas foram vistas como mais agressivas do que o esperado, com uma taxa de 10% sobre todas as exportações para os EUA e taxas ainda mais altas em cerca de 60 países. Embora uma faixa de commodities — incluindo energia, aço e alumínio — tenha sido isentada, há preocupações crescentes sobre um impacto mais amplo no consumo, com os principais parceiros comerciais China e União Europeia prometendo retaliação.

Os futuros do petróleo Brent registravam a maior baixa desde outubro, o gás de referência europeu atingiu uma baixa de três semanas e o cobre caiu até 2,5%. A soja registrava a maior queda desde janeiro devido a preocupações de que as safras americanas sofrerão com medidas retaliatórias, e o algodão despencou.

“Supondo que as taxas permaneçam, o que é uma grande suposição, elas pesarão sobre o crescimento econômico global e serão inflacionários”, disse Pierre Andurand, que administra o fundo de hedge Andurand Capital. “Para commodities, será negativo para a demanda global, principalmente para commodities usadas para ‘movimentar coisas’: ou seja, petróleo.”

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Uma preocupação particular nos mercados de commodities será o impacto na China, o maior comprador mundial de muitas matérias-primas. O país já impôs tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA e há um risco de que a guerra comercial possa aumentar. Canadá e México — principais fontes de petróleo bruto para refinarias no Centro-Oeste e na Costa do Golfo — não estão sujeitos às últimas taxas por enquanto.

“As tarifas foram maiores do que o esperado”, disse Giovanni Staunovo, analista de commodities do UBS Group AG. “A questão agora é como outras nações responderão, incluindo se veremos medidas de estímulo.”

As commodities foram pressionadas apesar de um dólar mais fraco, algo que normalmente as torna mais atraentes para investidores que detêm outras moedas.

Energia

Petróleo, gás natural e produtos energéticos estão entre os bens isentos, disse a Casa Branca, poupando o impacto direto nos fluxos de combustível. Ainda assim, o petróleo bruto foi atingido pelas mudanças de política de Trump, tarifas e sanções ao Irã e à Venezuela. Com as taxas ameaçando o consumo, os declínios nos mercados de combustível refinado superaram os do petróleo bruto.

“O impacto antecipado na demanda por causa das tarifas também tem um impacto negativo no petróleo bruto, produtos refinados e, em certa medida, na demanda por gás natural, que é a principal razão para a queda nos preços”, disse a estrategista do Rabobank Florence Schmit. “Há mais em jogo do que aparenta aqui, pois o futuro da indústria de GNL dos EUA ainda depende de grandes acordos de compra com compradores na Europa e na Ásia, que acabaram de ser atingidos por tarifas abrangentes.”

Metais

Os metais estão sendo tratados sob um regime tarifário separado da “Seção 232”. O alumínio já tem uma taxa geral de 25% sobre todas as importações dos EUA, enquanto tarifas sobre o cobre são esperadas dentro de semanas. Zinco, níquel, estanho e uma ampla gama de outras commodities também foram isentas das tarifas específicas do país, embora possam estar sujeitas a investigações da Seção 232 no futuro.

A ameaça de tarifas causou grandes “tumultos” nos mercados de metais, com comerciantes correndo para enviar bilhões de dólares em ouro, prata e cobre para os EUA antes que potenciais taxas sejam impostas — e para tirar vantagem dos preços mais altos lá.

Embora Trump tenha dito que quer impor tarifas específicas sobre o cobre, a preocupação nos mercados de metais preciosos era que eles seriam enredados por tarifas mais amplas sobre todos os produtos recebidos. Na quarta-feira, a Casa Branca esclareceu que ouro, prata e metais do grupo da platina serão isentos das novas taxas recíprocas, interrompendo abruptamente o comércio massivo de arbitragem.

Agro

A China é um mercado-chave para a soja. Se houver retaliação, os EUA podem ter dificuldades para levar seus produtos para a Ásia, que é um grande mercado para exportações americanas de grãos e oleaginosas, disse Ole Houe, CEO da Ikon Commodities, sediada em Sydney. A China e outras partes da Ásia também abrigam alguns dos maiores importadores de algodão do mundo — que também exportam têxteis de volta para os EUA.

Trump isentou produtos cobertos pelo acordo comercial norte-americano USMCA, o que pode ajudar a manter o fluxo de safras com os principais parceiros comerciais dos EUA, México e Canadá.

Os futuros de canola saltaram para o maior nível em quase um mês. O avanço sugere que os mercados estavam precificando mais tarifas de importação sobre produtos canadenses, disse o consultor da CRM AgriCommodities Mike Verdin.

Preços:

O petróleo Brent caía 4,5% para US$ 71,57 o barril em Londres.
Os futuros de gás natural europeu caíam 4,5% para € 39,40 o megawatt-hora.
O cobre caiu 2,4% para US$ 9.467 a tonelada na London Metal Exchange. O zinco caiu 1,1%.
O ouro caiu 1% para US$ 3.103,73 a onça, revertendo um ganho anterior de até 1,1%.
A soja caiu 1,9% para US$ 10,095 o bushel em Chicago, e o trigo perdeu 2,1%. O algodão caiu até 4,4% em Nova York.

© 2025 Bloomberg L.P.

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