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Porta fechada e janela aberta: visto para brasileiros empreenderem nos EUA cresce 22%

Porta fechada e janela aberta: visto para brasileiros empreenderem nos EUA cresce 22%

Nem mesmo a política anti-imigração de Donald Trump está acabando com o sonho de brasileiros que querem morar nos Estados Unidos – e muitos estão em busca de vistos para abrir seus próprios negócios. 

Enquanto o número de vistos temporários para brasileiros caiu 23,7% de janeiro a abril deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, a emissão de vistos permanentes aumentou 10,5%. Considerando apenas vistos de trabalho ou negócios, a evolução foi de 22,5%. Os dados são do governo americano.

Vistos 2024* 2025* Variação (%)
Imigrantes 1.971 2.178 10,50%
Não-imigrantes 41.0296 312.919 -23,70%
*De janeiro a abril 
Fonte: Travel.state.gov

Exportação de especialistas

A oportunidade de negócios nos EUA atrai cada vez mais brasileiros qualificados que querem expandir as fronteiras das suas firmas ou começar um novo empreendimento. Eles vão em busca de lucros em dólar, menor burocracia tributária e segurança para a família.

Wagner Pontes, fundador e CEO da D4U Immigration, que faz assessoria para obtenção de vistos, diz que o cenário atual reflete uma mudança no perfil de imigrante que busca entrar legalmente nos EUA, surfando na onda da demanda americana por especialistas em áreas como tecnologia, engenharia e saúde.

“Há uma proporção maior de profissionais qualificados que vêm para os EUA para somar em relação àqueles que vinham com visto temporário e ficavam para trabalhar e mandar dinheiro para o Brasil”, afirma.

Os vistos mais solicitados por brasileiros que querem empreender nos EUA são:

  • EB-1: voltado a profissionais com habilidades extraordinárias em ciências, artes, educação, negócios ou esportes.
  • EB-2 NIW (National Interest Waiver): voltado a profissionais qualificados que desejam obter o Green Card sem necessidade de patrocinador, ideal para especialistas em diversas áreas como tecnologia, saúde, engenharia e negócios.
  • EB-5: destinado a investidores que aplicam valores significativos em negócios nos EUA e geram empregos para americanos.

Na D4U, o aumento de solicitações de janeiro a maio deste ano foi de 51%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Do total de 16 mil solicitações de análise de elegibilidade, 53% tiveram perfis compatíveis com algum tipo de visto, segundo Pontes. Os custos, segundo Pontes, podem chegar a US$ 18.000 para uma família com filhos menores de 21 anos.

Na On Set Consultoria, que também auxilia brasileiros a obter vistos americanos, a demanda tem crescido gradualmente nos últimos dois anos, segundo Guilherme Vieira, fundador da firma. Os custos partem de R$ 4.000 para o visto, ou até R$ 250.000 até obter o Green Card.

“Os Estados Unidos querem grandes profissionais e empresários que vão produzir riqueza, pagar imposto, fazer uma prestação de serviço qualificada”, afirma. “Eu costumo dizer que os Estados Unidos é para todo mundo, mas nem todo mundo é para os Estados Unidos”, diz.

Para Vieira, a insegurança jurídica e o cenário econômico instável no Brasil é o que mais atrai os empresários a buscarem os incentivos oferecidos pelos EUA.

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Oportunidade em tecnologia

O empresário Wyndson Oliveira, de 44 anos, está em busca de um visto permanente de negócios na categoria EB1 ou EB2, voltado para quem tem habilidades extraordinárias ou excepcionais na área de atuação. 

Wyndson Oliveira, CEO da Automate Bot, busca visto para expandir seus negócios nos EUA

CEO da Automate Bot, que oferece soluções de marketing e vendas com base em Inteligência Artificial, Oliveira tem como plano abrir um braço da firma nos EUA. A expectativa é partir rumo à terra do Tio Sam em até dois anos, com a esposa e as duas filhas. 

Para Oliveira, os EUA sempre foram a favor do empreendedorismo, e o país está aberto a quem faz a migração de forma legal e documentada. Além disso, a área de tecnologia tem alta demanda e é do interesse dos EUA ter especialistas no tema.

Apesar das tensões nos EUA, ele diz que a situação no Brasil não é das melhores para quem quer abrir e manter negócios, e cita a violência urbana e as questões tributárias como entraves para continuar vivendo por aqui. “Lá, os impostos são pagos sobre o lucro, e não sobre o faturamento bruto. Isso incentiva o crescimento e a expansão das firmas porque posso reinvestir o que ganhar”, afirma.

Produção de conteúdo de lá para cá

De olho em produzir mais conteúdo de economia e investimentos, Charles Mendlowicz, conhecido como “O economista sincero”, também está em busca de visto EB1 para expandir sua atuação nos EUA. 

Charles Mendlowicz, conhecido nas redes como “O Economista Sincero” está com planos de abrir firma nos EUA. (Foto: Divulgação)

Ele conta que está produzindo conteúdo para podcast nos Estados Unidos em um segundo momento, pretende abrir um escritório de investimentos no Brasil e nos EUA. “Quase 60% dos americanos já investem na Bolsa de Valores, enquanto menos de 5% dos brasileiros seguem essa estratégia. Quero ajudar a aumentar exponencialmente esse número”, diz.

A política anti-imigratória também não intimida. “Esse tipo de situação parece estar restrito a casos específicos. Apesar da repercussão, não vejo como algo que deva causar alarde para quem está legalizado e comprometido com seu propósito”, afirma.

Por que internacionalizar negócios

Abrir um negócio fora do Brasil exige um planejamento estratégico detalhado, com estudo de mercado, custos com fornecedores, mão de obra, questões tributárias, adaptação de produtos, relacionamentos com possíveis clientes, entre outros detalhes que são específicos para cada destino escolhido. 

Vieira afirma que a facilidade de abrir uma firma virtual nos EUA já permite a venda em dólar e um aumento na valuation da firma. Isso também serve como etapa prévia para a abertura de uma filial física, fortalecendo o branding e a expansão no mercado americano.

No caso da Automate Bots, Oliveira conta que tem a seu favor 23 anos de experiência na área e mais de 680 projetos em diversos países, incluindo viagens de negócios aos EUA e uma participação especial em uma missão firmarial em 2010. Ou seja, antes de decidir abrir um braço da firma nos EUA, ele já transita no ambiente de negócios americano. Assim, ter uma firma nos EUA facilitaria fechar novos contratos com potenciais clientes que ele já tem mapeados. 

“Só de estar distante [no Brasil] se perde muitas oportunidades, reuniões, contatos. E, todas as vezes que fui [aos EUA], fiz excelentes conexões e bons negócios”, afirma. 

Ele também já identificou um produto que pode se adaptar bem no mercado americano, que é uma IA com voz para interação por telefone ou websites. 

“Nos Estados Unidos ainda se usa muito telefone para fazer negócio. Essa IA conversa, ouve a pessoa, interage, responde, tira dúvidas, faz agendamento, indica a loja mais próxima. A gente faz o próprio site conversar com a pessoa”, explica.

Para Mendlowicz, a expansão para os EUA trará uma visão ampla sobre investimentos. Em sua avaliação, a presença em solo americano daria a ele o conteúdo que precisa para repassar a quem o acompanha nas redes sociais. 

“Fizemos diversas pesquisas e análises que mostram que o Brasil ainda tem um potencial de crescimento enorme no mercado de investimentos, e aqui nos Estados Unidos poderei estudar pessoalmente o que existe de mais moderno no que tange a atendimento e tecnologia”, diz.

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Autor: Élida Oliveira

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