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Produtores de petróleo tentam conter impacto da queda no barril

Países dependentes da receita da exportação de petróleo estão sendo pressionados pelos preços mais baixos da commodity desde a pandemia da Covid-19, e autoridades governamentais preparam respostas para mais uma queda na receita, como aquisição de mais dívidas e redução de gastos.

O petróleo Brent despencou mais de 15% nos dias que se seguiram às tarifas agressivas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma vez que a escalada da guerra comercial entre os EUA e a China gerou preocupações com a recessão e a demanda de energia.

Na mesma semana, a Opep+ apresentou um plano para aumentar a oferta no próximo mês. O Brent caiu para menos de US$ 60 por barril, atingindo o nível mais baixo desde fevereiro de 2021.

Quedas anteriores no preço do petróleo forçaram reformas dolorosas para os governos que dependem da receita das exportações do produto. Há uma década, quando a Arábia Saudita deflagrou uma guerra de preços com o setor de xisto dos EUA e o Brent caiu para US$ 36 o barril, o país cortou gastos e cancelou subsídios de energia.

A Líbia queimou as reservas do banco central e descartou projetos de infraestrutura, enquanto o Iraque teve que recorrer à ajuda internacional para se manter à tona.

“A queda do preço do petróleo que vimos na última semana nos levou a um território onde, para muitas economias dependentes do petróleo, (a cotação) não será suficiente para equilibrar seus orçamentos, nem de longe”, disse Richard Bronze, chefe de geopolítica da Energy Aspects.

“Para algumas delas, isso coloca em risco os principais gastos públicos, aumentando o risco de instabilidade política e agitação”, acrescentou.

O Brasil está preparando um leilão extraordinário de áreas não contratadas do pré-sal para reforçar a arrecadação ainda neste ano, de acordo com quatro fontes com conhecimento do assunto.

O plano ganhou força devido à queda nos preços do petróleo e ao aumento da incerteza do comércio global. O Orçamento da União para 2025 previa um preço médio do Brent de US$ 80,79.

Outros países produtores planejam cobrir seus déficits com dívidas. O Kuwait aprovou uma lei no mês passado para permitir que seu governo acesse os mercados de dívida internacionais pela primeira vez desde 2017. O ministro das Finanças do país, Noora Al-Fassam, disse que era importante melhorar a flexibilidade do Tesouro público.

A Arábia Saudita também se apoiou nos mercados de títulos nos últimos anos para financiar o boom de gastos em que embarcou para diversificar sua economia. O reino enfrenta uma pressão cada vez maior para cortar gastos após a queda nos preços do petróleo, o que complica os ambiciosos planos de construção de megaprojetos, como o projeto da cidade Neom. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que Riad precisa de preços de petróleo acima de US$ 90 por barril para equilibrar seu orçamento.

“Estamos avaliando os acontecimentos recentes e estamos prontos para tomar todas as decisões políticas necessárias para garantir que nossa posição fiscal permaneça sólida”, disse um porta-voz do Ministério das Finanças saudita em resposta a perguntas da Reuters.

Os preços do petróleo passaram o primeiro trimestre do ano sendo negociados em uma faixa entre US$ 69,28 e US$ 82,03, pressionados pela desaceleração da China e pelo aumento iminente da oferta da Opep. Isso já representava um desafio para os governos que dependem dos altos preços do petróleo, com a última queda acelerando a pressão.

A economia russa sofreu uma forte desaceleração nos últimos meses, com a estagnação dos setores industriais fora do setor de defesa. Espera-se que a economia se contraia ainda mais se a queda nos preços do petróleo e a turbulência nos mercados globais persistirem, disseram os analistas.

A pressão está aumentando sobre o banco central do país para reduzir as taxas de juros, apesar da inflação persistente.

Moscou baseou seu orçamento para 2025 em um preço médio de US$ 69,70 por barril. O governo mexicano estava esperando US$ 62,50. Para o Iraque, que depende quase exclusivamente das receitas do petróleo para gastar, os preços do petróleo bruto abaixo de US$ 70 são um problema. É provável que a queda nos preços freie a onda de construção de infraestrutura de Bagdá, que tenta se reconstruir após décadas de conflito.

A Nigéria esperava obter mais da metade de suas receitas totais a partir das exportações de energia, mas os analistas dizem que o governo precisa reavaliar essas metas para refletir a realidade global. Anteriormente, em vez de cortar gastos, o país dobrava os empréstimos em épocas de preços mais baixos do petróleo.

Mesmo antes da recente queda nos preços do petróleo, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, já havia reduzido as horas de trabalho dos funcionários públicos para diminuir o consumo de energia, inclusive na firma estatal de petróleo PDVSA. Ele também declarou uma emergência econômica no país.

Trump reforçou as sanções dos EUA contra a Venezuela e assinou uma decreto para impor tarifas secundárias a qualquer país que importe petróleo venezuelano, o que levou a um hiato nas exportações de petróleo que financiam o orçamento do Estado.

Os preços mais baixos do petróleo aumentarão a pressão sobre Maduro para que ele reduza ainda mais os gastos.

O Irã depende das receitas do petróleo para cerca de um terço de seu orçamento, com seu preço de referência fixado em 57,50 euros (US$ 64,38) por barril. Teerã também está preocupado com a campanha renovada de “pressão máxima” de Trump, que tem como alvo os compradores chineses de petróleo iraniano.

O fato de a China continuar ou não a importar petróleo iraniano em meio à guerra comercial com os EUA será o fator decisivo para as finanças de Teerã.

“A Venezuela e o Irã estão sendo atingidos por um golpe duplo de Trump. Suas políticas estão afetando suas exportações de petróleo, enquanto eles também estão tendo que suportar preços mais baixos do petróleo”, disse Jason Tuvey, economista-chefe adjunto de mercados emergentes da Capital Economics.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Produtores de petróleo tentam conter impacto da queda no barril no site CNN Brasil.

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Autor: vanessaloiola

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