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Seu filho usa IA? Especialistas alertam sobre os riscos da “adultização digital”

Seu filho usa IA? Especialistas alertam sobre os riscos da “adultização digital”

Seu filho já usa ChatGPT, conversa com Alexa ou joga com apps “inteligentes”? Essa realidade, cada vez mais comum, preocupa especialistas. A Inteligência Artificial pode estar acelerando um fenômeno conhecido como “adultização digital” — quando crianças têm acesso precoce a informações e responsabilidades do mundo adulto.

No Brasil, quase 40% dos pais brasileiros afirmam que seus filhos usam ferramentas de IA em busca de apoio emocional e companhia, segundo estudo feito pelo Relatório 2025 Norton Cyber Safety Insights: Connected Kids, conduzido pela Norton com tutores com filhos menores de 18 anos.

Segundo Emilly Fidelix, doutora especialista em IA, “a inteligência artificial coloca crianças em contato com um mundo que não lhes pertence diretamente, devido à sua pouca experiência. Isso pode gerar a ilusão de que elas já estão prontas para lidar com coisas que, na verdade, ainda não estão”.

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Por que a IA pode ‘roubar’ a infância das crianças

A infância é o período em que curiosidade, criatividade e a liberdade de errar são mais intensas. O uso passivo da tecnologia pode prejudicar exatamente essas habilidades essenciais, mas conhecer os riscos é o primeiro passo para evitá-los.

Os números mostram uma realidade em transformação: 44% dos bebês até 2 anos já usam internet, entre crianças de 3 a 5 anos o percentual saltou de 26% para 71% na última década, e na faixa de 6 a 8 anos dobrou de 41% para 82%, segundo estudo do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação.

“Se o acesso à IA virar rotina sem orientação, a criança pode perder o importante exercício da imaginação. Mas isso não significa que devemos evitá-la e, sim, usá-la melhor”, destaca Fidelix.

A adultização via IA não se resume ao conteúdo: também envolve a antecipação de responsabilidades e a expectativa de respostas rápidas, que podem gerar ansiedade ou dependência cognitiva. Fidelix compara o uso precoce à entrega de uma moto para uma criança que ainda não sabe andar de bicicleta: “O risco é queimar etapas, perder o valor do erro, do improviso e do brincar sem propósito”.

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Como transformar a IA em ferramenta de criatividade

Apesar dos riscos, a especialista aponta que a tecnologia pode ser uma grande aliada se usada de forma intencional e mediada. Ferramentas como Machine Learning for Kids e Code.org permitem que crianças e adolescentes criem, testem e compreendam a lógica por trás da tecnologia, transformando a IA em uma parceira criativa, e não em fornecedora de respostas prontas.

O uso pedagógico da IA abre inúmeras possibilidades quando bem planejado. Professores podem transformar a ferramenta em aliada do aprendizado propondo atividades que valorizem o processo criativo.

“Quando a IA é usada de forma ativa, a criança testa, experimenta e corrige a ferramenta para alcançar o resultado desejado. É diferente de receber algo pronto. Nesse sentido, ela se torna uma parceira criativa”, explica. “Por exemplo, uma criança pode desenhar um personagem e, com ajuda da IA, criar imagens, histórias ou até uma HQ baseada em sua própria imaginação”.

Da mesma forma, os pais devem acompanhar o uso da IA em casa. Embora tecnicamente a maioria das ferramentas seja indicada para maiores de 13 anos (LGPD), crianças menores já têm contato com IA por meio de diversos aplicativos e dispositivos.

“Ao invés de entregar um texto pronto, o aluno pode registrar etapas, refletir sobre escolhas, apresentar oralmente seu raciocínio ou comparar respostas geradas pela IA. Isso estimula o pensamento crítico e dificulta o uso superficial da tecnologia”, afirma a especialista.

A abordagem recomendada é explorar junto: criar histórias, pesquisar curiosidades e ensinar segurança digital de forma lúdica. Isso transforma a supervisão em oportunidade de aprendizado conjunto.

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Educação digital como competência essencial

Para Fidelix, alfabetizar no século XXI vai muito além de ler e escrever. “Precisamos ensinar a capacidade de colaborar criticamente com sistemas inteligentes. A IA não se limita a ser uma fonte de informação, ela é parceira de criação e descoberta.”

Com mais de 60% das crianças entre 8 e 12 anos já interagindo diariamente com algum tipo de IA, o momento é de oportunidade, não de resistência.

O caminho ideal: usar a tecnologia para amplificar a criatividade natural das crianças, preparando-as para um futuro onde a colaboração humano-IA será fundamental. Quando bem direcionada, a inteligência artificial não rouba a infância, ela a enriquece com possibilidades antes inimagináveis. O segredo está na mediação consciente: transformar cada interação com IA em uma oportunidade de aprendizado, criatividade e desenvolvimento do pensamento crítico.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: layssampaio

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