Últimas Notícias

Tarifas de Trump podem assemelhar EUA ao Brasil, diz Wall Street Journal

O protecionismo brasileiro, gestado desde 1945, proporciona um exemplo ao sistema econômico fechado que o presidente norte-americano, Donald Trump, busca colocar em prática ao tarifar importações aos EUA.

O prognóstico foi feito pelo jornal econômico The Wall Street Journal, em reportagem publicada neste sábado (12).

Há uma lista de produtos que são mais caros em terras brasileiras do que no mercado norte-americano. Desde o iPhone 16, que custa US$ 799, até itens de alimentação, como garrafa de champanhe Veuve Clicquot, por US$ 110.

Uma caixa de sachês de chá britânico PG Tips custa US$ 53. Xarope de bordo canadense custa US$ 35.

A publicação norte-americana afirma que os preços mais altos no Brasil acontecem por conta das tarifas de importação, controles cambiais e barreiras comerciais.

O protecionismo brasileiro começou na Segunda Guerra Mundial, quando o governo buscou manter empregos, porém elevou os custos aos consumidores, segundo economistas consultados pelo jornal.

“Eles nunca sentiram a pressão competitiva para inovar, reduzir custos e encontrar uma maneira de sobreviver em um mercado competitivo”, disse Alberto Ramos, chefe de pesquisa econômica da América Latina no Goldman Sachs à publicação.

O Wall Street Journal apresenta o peso da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O setor manufatureiro representava 36% do PIB em 1985, ante 14% em dados mais recentes. O declínio foi classificado como o pior exemplo de “desindustrialização prematura” no mundo, segundo o Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi), com sede em São Paulo.

“As ideias de Trump sobre como fortalecer a indústria americana são semelhantes ao que pensávamos na América Latina logo após a Segunda Guerra Mundial”, disse Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda do Brasil que ocupou o cargo no final dos anos 1980 e início dos anos 1990.

“A ideia de que tarifas protecionistas impulsionariam a indústria nacional, se espalhando para os serviços e a agricultura, e enriqueceriam o país. Bem, não funcionou”, acrescentou.

A economia dos Estados Unidos apresenta suas falhas, mas está longe de enfrentar os mesmos obstáculos estruturais do Brasil. As firmas norte-americanas, em geral, operam com o suporte de uma infraestrutura mais eficiente, lidam com menos burocracia e se deparam com um sistema tributário menos complexo.

No Brasil, disputas fiscais podem envolver bilhões de dólares e se arrastar por anos no judiciário, representando riscos significativos para as firmas, conforme apontam advogados e especialistas.

Esses entraves compõem o chamado “Custo Brasil”, o elevado custo de se fazer negócios no país.

As companhias norte-americanas tendem a ser mais competitivas e voltadas ao mercado externo. Políticas protecionistas semelhantes às adotadas no Brasil poderiam comprometer sua rentabilidade no longo prazo, segundo economistas.

Durante seu mandato, Donald Trump chegou a aplicar tarifas elevadas, mas recuou das medidas mais drásticas após a queda nos mercados. Ainda assim, manteve tarifas sobre produtos chineses e fixou uma alíquota de 10% para quase os demais países.

De acordo com um relatório recente do Escritório do Representante Comercial dos EUA, a tarifa média aplicada pelo Brasil é de 11,2%. Além disso, o país impõe barreiras adicionais como cotas de importação, exigências complexas de licenciamento e trâmites alfandegários lentos e burocráticos.

O vasto mercado interno brasileiro tem funcionado como um fator ambíguo. Em momentos de crise global — dos choques do petróleo nos anos 1970 à crise financeira de 2008/2009 — o consumo interno serviu como amortecedor.

Por outro lado, em períodos de maior estabilidade econômica, essa dinâmica favoreceu o protecionismo e reduziu a competitividade, elevando os preços para os consumidores.

Um dos principais entraves é a manutenção prolongada de setores pouco eficientes. Por décadas, recursos públicos foram direcionados à indústria automobilística e à construção naval, mesmo diante de baixos resultados.

Diferentemente de países asiáticos, o Brasil não estipulou prazos nem exigiu metas de exportação como contrapartida para os subsídios, prolongando a dependência e os custos associados.

Em uma recente viagem ao Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as políticas comerciais de Trump, dizendo: “Precisamos superar o protecionismo e garantir que o livre comércio possa crescer”.

O jornal, porém, cita a posição do PT na defesa do protecionismo, revertendo alguns progressos feitos na década de 1990 para abrir a economia.

“É um pouco hipócrita”, disse Lucas Ferraz, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia ao Wall Street Journal. “Eles adotaram exatamente o modelo que Trump tem em mente”.

Maior marca chinesa de celulares desembarca no Brasil

Este conteúdo foi originalmente publicado em Tarifas de Trump podem assemelhar EUA ao Brasil, diz Wall Street Journal no site CNN Brasil.

O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim deixaremos mais pessoas por dentro do mundo das finanças, economia e investimentos!

Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original

Autor: matheusoliveira

Dinheiro Portal

Somos um portal de notícias e conteúdos sobre Finanças Pessoais e Empresariais. Nosso foco é desmistificar as finanças e elevar o grau de conhecimento do tema em todas as pessoas.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo