Ucrânia pede investigação sobre suposto uso de armas químicas pela Rússia

A Ucrânia solicitou nesta terça-feira ao órgão global de controle de armas químicas em Haia que investigue o suposto uso de munições tóxicas proibidas pela Rússia contra suas forças.

Kiev submeteu um pedido para a abertura de uma investigação ao corpo diretivo da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).

A solicitação ocorre após agências de inteligência da Holanda e da Alemanha afirmarem, na sexta-feira, que possuem evidências do uso generalizado de armas ilegais pela Rússia ao longo da linha de frente.

O chefe da agência, Fernando Arias, declarou ao Conselho Executivo da Opaq que, diante do suposto uso frequente de agentes químicos perigosos, seu escritório intensificará o monitoramento das atividades ao longo da linha de conflito entre Rússia e Ucrânia.

Ele convidou a Ucrânia a discutir sua proposta com os Estados-membros, cuja maioria pode ser necessária para aprovar a investigação.

A Opaq criou uma equipe semelhante em 2018 para examinar acusações de uso de armas químicas na Síria. A Equipe de Investigação e Identificação concluiu que tanto as forças do governo sírio quanto militantes do Estado Islâmico utilizaram armas químicas proibidas na guerra civil iniciada em março de 2011.

Os Estados Unidos acusaram a Rússia pela primeira vez, em maio do ano passado, de usar cloropicrina, um composto químico mais tóxico do que agentes de controle de distúrbios, usado pela primeira vez pela Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial.

A Opaq, agência de desarmamento sediada em Haia com 193 Estados-membros, afirmou no ano passado que as acusações iniciais feitas por ambos os países eram “insuficientemente fundamentadas”.

Ambos os lados negam o uso de armas químicas no conflito, que se intensificou após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.

“A Ucrânia solicita ao diretor-geral da Opaq que tome medidas para estabelecer um mecanismo independente e imparcial para investigar casos de suposto uso de armas químicas na Ucrânia”, diz uma cópia da solicitação compartilhada com a Reuters.

O país pediu que o mecanismo tenha capacidade para “coletar evidências adicionais e identificar perpetradores, organizadores e patrocinadores de tal uso”.

O pedido foi apresentado no início de quatro dias de reuniões a portas fechadas do Conselho Executivo da Opaq, composto por 41 países. O órgão de desarmamento não comentou imediatamente a solicitação.

Pelo menos três mortes de ucranianas foram relacionadas ao uso de armas químicas, segundo a Agência de Inteligência Militar da Holanda, enquanto mais de 2.500 pessoas feridas no campo de batalha relataram sintomas relacionados a armas químicas às autoridades de saúde ucranianas.

Na segunda-feira, o Reino Unido sancionou dois indivíduos russos e uma entidade russa como parte de seu regime de sanções contra armas químicas, em seu mais recente esforço para punir Moscou pela guerra na Ucrânia.

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