“Uptober” em xeque: a aposta de alta do bitcoin neste mês vai miar?
As expectativas para o bitcoin (BTC) estavam altíssimas para outubro. Além de ser um mês historicamente positivo para a criptomoeda mais famosa e queridinha do mercado, a instabilidade nos Estados Unidos (o danado do shutdown) havia dado um novo gás ao ativo digital, que chegou a registrar sua máxima histórica.
Mas o cenário deu um duplo twist na semana passada, com a retomada da guerra tarifária entre a maior economia do mundo e sua eterna rival China. Diante da incerteza, os investidores correram para o brilho seguro do ouro – deixando o ativo digital de lado, que acabou patinando no preço.
E agora? O que esperar para o restante do mês? Todo aquele papo de “Uptober” – termo usado no mercado para descrever o costumeiro bom desempenho do BTC em outubro – ainda está de pé ou as esperanças de novas altas morreram?
No geral, os especialistas seguem otimistas e ainda apostam que o dinheiro digital criado pelo misterioso Satoshi Nakamoto deve fechar outubro no azul.
“No caso do bitcoin, a segunda quinzena de outubro é onde, de fato, os preços sobem. E essa queda recente pode, inclusive, ajudar nisso, porque liquidou muita gente”, disse Mychel Mendes, CFO da Tokeniza. E bota gente nisso: o pessoal da Bitwise disse que cerca de US$ 20 bilhões foram liquidados só na sexta passada.
Segundo o especialista, esse período que estamos entrando agora marca o início da preparação para o último trimestre, quando há também um movimento relacionado à parte fiscal – o que é bom para a cripto e ativos de risco.
“É quando as pessoas tiram o dinheiro de aplicações mais conservadoras e trazem para o mercado volátil. No início do ano, fazem o movimento inverso, porque há benefício fiscal nisso. Então, o Uptober ficou conhecido no mercado cripto, mas ele acontece, de certa forma, em todos os mercados voláteis”, completa Mendes.
Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, também segue otimista, mas com uma dose de cautela. “O sell-off (venda massiva) do dia 10 foi abrupto e inédito, com liquidações recorde. Contudo, há sinais que sustentam a tese. A recuperação técnica foi rápida após o choque. O Bitcoin caiu até US$ 102.000 e já voltou para a faixa de US$ 110.000, uma valorização acumulada de cerca de 8% desde o fundo do choque”, falou.
Já Luca Freire, CEO da UnblockPay, falou que, tecnicamente, o bitcoin formou uma base de preço próxima de US$ 100 mil e deve oscilar entre essa região e o topo de US$ 125 mil até decidir uma direção mais clara.
Os catalisadores positivos
São vários pontos que jogam a favor do bitcoin (mas logo abaixo você vai ler os contras também). Talvez o principal, segundo especialistas, seja o corte de juros nos EUA. No final deste mês, os membros do Federal Reserve (Fed, o banco central do país) decidem a nova taxa básica. A expectativa de 97,4% do mercado (dado atualizado agora à tarde) é de corte de 0,25 ponto percentual.
A lógica por trás disso é simples: quando os juros caem, os rendimentos dos títulos públicos da nação americana – as famosas treasuries – diminuem. Isso incentiva a migração de capital para ativos de maior risco e potencial de retorno, como o bitcoin.
Outro fator importante é o fluxo de capital institucional via ETFs (fundos negociados em bolsa) de bitcoin à vista, especialmente nos EUA. Esses fundos funcionam como um termômetro da entrada de “dinheiro grande” no setor. Nos últimos dias, o movimento foi ruinzinho: houve mais saídas do que entradas, refletindo a aversão ao risco. Só ontem, eles registraram retiradas de US$ 104,1 milhões, segundo a plataforma SoSoValue. Mas se o fluxo mudar, o BTC sai ganhando.
“Se os ETFs spot (à vista) acumularem vários dias seguidos de inflows (entradas) consistentes, é sinal forte de demanda institucional. Novas entradas criam suporte de preço e reduzem a oferta disponível para negociação (float). Por isso, vale monitorar o net inflow dos fundos”, falou Ana.
Por fim, outro possível acelerador são as constantes compras de cripto pelas bitcoin treasury companies – aquelas firmas que mantêm BTC em caixa. Para os especialistas, as novas aquisições podem dar um empurrão no preço. Nesses dias de queda, várias delas – como a Strategy, a Mara Holding e a brasileiríssima OranjeBTC saíram às compras.
Os catalisadores negativos
Os mesmos gatilhos positivos podem virar contra o bitcoin se não se confirmarem. Se o corte de juros não vier, ou se os ETFs continuarem registrando saídas, o mercado pode reagir mal. “Grandes outflows (saídas) institucionais podem sinalizar ao mercado que a demanda institucional recuou (esse ruído pode provocar quedas)”, falou Ana.
A questão geopolítica segue confusa em todo o mundo – e isso pesa. De um lado, há toda a treta comercial entre China e EUA. Do outro, os EUA querem porque querem derrubar o ditador da Venezuela, o Nicolás Maduro – segundo matéria do The New York Times publicada nesta quinta-feira (16). Além disso, a Rússia e a Ucrânia continuam em guerra, e as coisas entre Israel e Gaza ainda estão tensas.
“Tudo isso atrapalha, porque esperamos uma retomada dos mercados – e, em cenários de guerra, isso não acontece”, comentou Mendes.
E as altcoins?
As altcoins – termo usado para identificar qualquer cripto diferente do BTC – tiveram um desempenho misto neste início de outubro. Enquanto algumas caíram com o bitcoin, como o ethereum (ETH), outras como a bnb (BNB), da exchange Binance, subiram. A expectativa geral para o restante do mês é a mesma.
“As altcoins devem continuar com desempenho misto. Algumas grandes podem se recuperar, mas a dominância do bitcoin aumentou bastante durante a queda, e isso precisa se inverter para que o capital volte a fluir para as demais”, disse Freire, CEO da UnblockPay.
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Autor: Lucas Gabriel Marins