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Serviços prestados às famílias devem manter protagonismo no ano, dizem economistas

Serviços prestados às famílias devem manter protagonismo no ano, dizem economistas

Os serviços prestados às famílias foram o destaque de altas nos últimos dois meses de 2023 e devem continuar como protagonistas neste ano, segundo análise de economistas sobre os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgados hoje pelo IBGE. A variação mensal do setor foi de +0,3%, mas os itens ligados à demanda das famílias avançaram sólidos 3,5% no mês.

O desempenho foi atribuído aos efeitos do mercado de trabalho ainda aquecido, o que aliado ao declínio gradual da inflação e aos efeitos das transferências fiscais mais elevadas causou um ganho de renda que favoreceu a categoria.

Na análise da XP, espera-se que o setor global dos serviços continue a crescer ao longo de 2024 – algo em torno de 2,0%, após o ganho de 2,3% registrado em 2023 -, mas ainda apresentando os sinais heterogêneos entre categorias percebidos nos últimos meses.

A estimativa é que o rendimento disponível real das famílias aumente 4,2% em 2024, após um aumento de 6,5% em 2023.

Mas as demais atividades de serviços devem continuar esfriando. Os serviços de Transporte cresceram 1,3% mês a mês em dezembro, por exemplo, mas longe de compensar a contração acumulada de cerca de 5,5% de agosto a novembro. E os serviços profissionais, administrativos e complementares surpreenderam negativamente, ao cair 1,7% mês a mês em dezembro, encerrando uma série de duas altas consecutivas.

O XP Tracker aponta para um crescimento de 0,1% para o PIB do 4º trimestre, que será oficialmente divulgado e março.  Isso é compatível com a projeção de crescimento de 2,95% para a economia em 2023.

O Itaú também destaca as aberturas heterogêneas do setor em dezembro, com os serviços profissionais, administrativos e complementares surpreendendo para baixo, após um resultado forte em novembro, enquanto os serviços prestados às famílias registraram segundo mês consecutivo de forte alta. O banco mantém sua projeção de queda de 0,2% para o PIB no 4º trimestre de 2023.

Efeitos da pandemia

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, cita que o crescimento de 2,3% no setor de serviços no ano passado como um todo manteve a trajetória de expansão iniciada em 2022.

“Esse resultado reflete o impacto da pandemia na composição do consumo das famílias, que em 2020 e 2021 priorizaram os bens de varejo e e-commerce, devido às restrições de mobilidade, e em 2022 e 2023 voltaram a demandar mais serviços, com a flexibilização das medidas sanitárias”, explica.

Para 2024, Cruz diz esperar um equilíbrio maior entre o consumo de serviços e bens, similar ao observado em 2019 e 2018.

Quanto aos fatores que podem afetar o crescimento neste ano, o economista diz que ainda há incertezas sobre o efeito dos precatórios liberados no final de 2023, que podem estimular o consumo ou serem usados para quitar dívidas. “Também há dúvidas sobre a condução da política fiscal, diante das declarações do presidente Lula, que sinalizou uma possível flexibilização da meta fiscal”, lembra.

“Por fim, vale destacar que o setor de serviços ainda apresenta potencial de recuperação, especialmente o segmento de turismo, que cresceu 6,9 em 2023. Há ainda espaço para recuperação de outros segmentos, como o aéreo, que vem sofrendo com a crise sanitária e a baixa demanda externa”, pondera.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, por sua vez, diz que alguns fatores específicos têm contribuído para sustentar a demanda por serviços no país. “Nossa perspectiva é que um mercado de trabalho aquecido, a regra de valorização do salário-mínimo e a inflação comportada sirvam para contrabalançar uma perda de fôlego”, estima.

Rafael Perez, economista da Suno Research, observa que o setor de serviços tem se mostrado como um dos principais impulsionadores da atividade econômica nos últimos anos.

“Quando olhamos para os setores, vemos que os grandes destaques foram aqueles que se fortaleceram no contexto pós pandemia. Os serviços prestados às famílias tiveram um avanço de 3,5% no mês e 4,7% no ano”, reforma, afirmando que esse movimento se explica pelo mercado de trabalho mais aquecido e uma recomposição da renda das famílias, que permitiu um maior consumo.

Para João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, os serviços mostraram mais um resultado fraco no mês, abaixo do esperado. No entanto, a revisão para cima de novembro compensou em parte o resultado. 

Ele diz que o cenário permanece sendo de desaceleração, compatível com uma acomodação do ritmo de crescimento da atividade, dada a base de comparação elevada. “Há arrefecimento mais claro dos setores que vinham sendo os motores do crescimento dos serviços no ano, como transportes. Por outro lado, algumas atividades que estavam mais atrasadas voltaram a andar, como os serviços prestados às famílias, que subiram 6,6% nos últimos dois meses.”

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