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Tendência para investimentos de risco em 2024 é positiva, mas com “emoção”

No artigo anterior nesta coluna, falamos das oportunidades de investimento para 2024, da tendência positiva por conta do ciclo de queda de juros que se inicia globalmente, mas com destaque para a “emoção” (volatilidade) que podemos enfrentar ao longo do ano.

Diferente dos últimos momentos de aumento de juros sincronizado no mundo todo, que trouxeram perda para a maioria dos investimentos de risco (fundos multimercado e de ações tiveram resgate líquido de mais de R$ 300 bilhões nos últimos dois anos), 2024 começa com a perspectiva de queda sincronizada em todo mundo e isso tem impacto direto – e positivo – para os ativos de risco.

Mas não quer dizer que não teremos emoção ao longo desse caminho. Aqui, vou destacar alguns eventos, já contratados, que podem ser grandes fontes de incerteza ao longo deste ano. Esses eventos podem ocorrer tanto por conta de fatores globais como de locais.

Dentre os fatores globais, aquele que contribui para o nervosismo dos mercados vêm da terra do ‘Tio Sam’. O debate sobre o início do ciclo de queda de juros por lá tem trazido muitas incertezas para os mercados, afetando os preços da maioria dos ativos de risco. Já tivemos uma primeira degustação disto em janeiro, quando o otimismo do final de 2023 foi parcialmente revertido em janeiro de 2024 e as apostas na queda de juros foram postergadas.

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Nas condições atuais, o início do corte de juros deve ocorrer no final do primeiro semestre de 2024, mas toda nova informação tem potencial de mudar este cenário e trazer volatilidade. Obrigado Jerome Powel – o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) – , a sua forma de comunicar tem contribuído bastante para isso.

O ano de 2024 tem eleição presidencial americana, também com grande potencial de ruídos por conta da grande polarização política que observamos por lá. À medida que novembro chega, os mercados devem sofrer por conta de tal incerteza sobre o futuro da economia americana, afinal, são agendas de governo bastante distintas.

As outras fontes de risco global ficam com a contínua desaceleração da economia chinesa e as ações do governo da China para reverter esse quadro. Mesmo com diversas políticas de intervenção do governo – na economia e diretamente sobre empresas como Alibaba e Tencent – a dúvida sobre o crescimento sustentável chinês ao redor de 5% é cada vez menor.

Credibilidade da situação fiscal no Brasil

No Brasil, o foco continua nas questões fiscais e monetárias. Temos, de largada, três marcos relevantes geradores de emoção. O primeiro previsto já para março, quando ocorrerá a discussão da manutenção da meta de déficit fiscal zero.

Em março o governo vai apresentar seu primeiro relatório bimestral de receitas e despesas. Via de regra, se as receitas não vierem na medida do projetado para o déficit zero o contingenciamento se fará necessário. Se esse contingenciamento for muito forte, pode trazer a discussão de mudança de meta.

É um momento relevante para toda a credibilidade do modelo fiscal que se baseia em dois pilares: no limite de gasto e no resultado primário. Com a mudança de um deles, a credibilidade fica comprometida.

Segundo semestre

Outra grande fonte de incerteza fica com o envio do orçamento para o Congresso, que acontece no final de agosto. Nesse momento podemos começar a ter uma nova discussão sobre o modelo fiscal e seu limite de despesas, outro pilar relevante do modelo. Há dúvidas se o modelo que traz um limite de aumento de gastos de 2,5% de crescimento real é compatível com a demanda de gastos do governo.

A discussão do orçamento ocorre sempre com muita emoção, principalmente, quando há restrições de aumento de gastos. Contratar novos gastos que levem a rever o modelo fiscal tem grande potencial de volatilidade para os mercados, fazendo a curva de juros variar bastante.

Finalmente, no final de 2024 teremos a troca do presidente do Banco Central do Brasil. Essa é a primeira troca de presidente no modelo de banco central autônomo. Essa escolha tem o poder de sinalizar qual será a forma da política monetária dos próximos quatro anos. Logo pode trazer muita emoção.

Assim, apesar de um potencial grande de valorização dos ativos de risco, estar atento a esses movimentos e entender que teremos emoção ao longo desta jornada é fundamental para o investidor.

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