O porquê de Campos Neto não se comprometer com mais cortes da Selic

Rephrase my Roberto Campos Neto, presidente do BC, explica que ‘incertezas’ aqui e no exterior levaram à revisão do guidance de cortes da Selic. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil.
Apesar de o último comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) ter levantado mais incertezas sobre a política monetária, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou que o cenário base para a Selic em 2024 permanece em 9%, estimativa presente no Boletim Focus. A pesquisa entre economistas aponta justamente este patamar para a Selic ao final do ano.
Ao apresentar o relatório trimestral de inflação do primeiro trimestre de 2024, Campos Neto afirma que o Copom deixou de lado o foward guidance de cortes na Selic porque “o valor da projeção se perdeu” diante do aumento de incertezas. O BC projetou apenas um corte de mais 0,50 ponto percentual nos juros em junho, mas não esclareceu o rumo da política monetária para o segundo semestre.
Roberto Campos Neto enfatizou que o principal mandato do BC é “o objetivo de trazer a inflação para a meta” contínua de 3% para 2025, conforme definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O presidente da autoridade monetária explicou, ao se defender de críticas do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que a meta de inflação “foi definida pelo governo”.
“E o objetivo do Banco Central é trazer a inflação para dentro da meta com o mínimo de custo possível para a sociedade, com o mínimo de custo de desemprego, retração de crédito. O BC promoveu um processo de convergência com custo bastante baixo”, afirmou Campos Neto.
O presidente também explicou que o tom mais duro do comunicado do Copom “foi para explicar ao mercado o que o Banco Central considera como incertezas”. Após a decisão do comitê, agentes afirmaram que o risco de 2024 terminar com juros acima do previsto aumentou.
O cenário para a Selic chegar a 9% ao final deste ano “não mudou substancialmente” afirmou Roberto Campos Neto. “Mas nós temos mais incertezas do que antes”, complementou.
“Existem incertezas tanto no âmbito nacional quanto internacional”, disse o executivo do BC.
No meio do caminho do ciclo de queda até a taxa terminal da Selic, o presidente do BC citou incertezas geopolíticas. Além disso, outro risco externo citado pelo executivo está nas restrições na cadeia de fornecimento.
Além disso, Campos Neto também citou a dinâmica do mercado de trabalho brasileiro como uma “incerteza”, assim como a inflação subjacente do setor de serviços. Dados do Caged mostram que o setor foi o que mais empregou brasileiros em fevereiro.
Ao abandonar o plural de cortes da Selic, Campos Neto citou que o custo de dar o guidance estaria “superando os benefícios”.
“Quando as incertezas começam a aumentar no período em que o guidance se propõe a funcionar, o valor esperado dele começa a diminuir. Tem o custo de mudar o guidance no meio da comu for better SEO.