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Como era o Brasil antes do Plano Real? Entenda por que medidas anteriores não deram certo

Consumidores observam prateleiras vazias em supermercado durante o pacote econômico do governo Sarney, o Plano Verão. Foto: Norma Albano/Estadão Conteúdo – 31/1/1989

É comum presidentes exigirem da população uma espécie de cobrança para com a própria administração. No Brasil, na década de 1980, esse papel era das donas de casa: mães e esposas conhecidas popularmente como ‘fiscais’ do presidente José Sarney durante seu mandato entre 1986 e 1989.
O dever não oficializado era, na verdade, o de denunciar qualquer comerciante que acumulasse estoques e segurasse produtos em meio a um cenário de inflação localizada em três dígitos e de falta de alimentos nas prateleiras dos supermercados.
Esse era um dos vários retratos da vida no Brasil antes da implementação do Plano Real.
Em menos de quatro anos, várias tentativas de estabilizar a economia do país foram realizadas por diferentes ministros da Fazenda em dois mandatos presidenciais. A Inteligência Financeira entrevistou economistas, um ex-ministro e gente comum, todos viveram na época, para entender porque os planos anteriores ao real falharam.
O Brasil viveu o que economistas chamam de ‘a década perdida’ entre 1980 e 1990.
Durante e após o fim do regime militar, em 1985, o país convivia com altos níveis de inflação e baixo crescimento: em 1980, o Índice de Preços Amplos ao Consumidor fechou o mês de janeiro em 115,70%, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada).
A década marcou a economia brasileira com a pior recessão até 2016, afirma Claudio Considero, coordenador de pesquisa do FGV Ibre. “Entre 1981 e 1983, o PIB caiu 7%, a pior recessão da história até aquele momento”, lembra.
A inflação de três dígitos, na prática, provocava uma corrida aos supermercados, o que por sua vez levava à falta de alimentos.
Do outro lado do balcão, comerciantes tinham o hábito de guardar dinheiro fora da conta bancária para se prepararem para o pior na economia.
Na Mooca, bairro italiano tradicional de São Paulo, o imigrante italiano Pascoal Carillo escondia notas no fundo do gaveteiro de sua padaria.
Na época, o pequeno Guilherme Carillo observava o dia a dia da padaria ao lado do avô e da mãe.
“Lembro também de como minha mãe reclamava muito de como o preço das coisas subia, justamente quando ela fazia a compra do mês”, diz.
O avô Pascoal deixaria uma lembrança do acúmulo aos neto: um amontoado de notas de cruzeiros e cruzados. Guilherme transformou as notas em um retrato que guarda no fundo da padaria Carillo.
Guilerme Carillo ao lado da coleção de notas de cruzeiros e cruzados do avô, Pascoal Carillo. Foto: Pedro Knoth/Inteligência FinanceiraA colagem de notas antigas é, na verdade, um retrato do maior quebra-cabeça da histórica da economia brasileira: como espantar o fantasma da hiperinflação brasileira.
A inflação da década de 1980 tinha um componente   

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