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Plano Real: como era a vida de brasileiros comuns no Brasil de 30 anos atrás?

Funcionário de supermercado remarca preços de alimentos com máquina manual durante o governo do presidente José Sarney. Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo – 6/11/1988

O ano era 1994 e Nathalia Fuga cursava a faculdade de veterinária. Aos 22 anos e nascida em São Paulo, ela morava em uma república em Espírito Santo do Pinhal, no interior do Estado. Em uma de suas voltas para a capital paulista, se sentiu confusa ao passar pelo primeiro pedágio da estrada. Isso porque, na mesma época, o Brasil passava por uma transição de moedas durante o Plano Real.  
“Em um dia que precisei voltar para São Paulo eu não sabia como pagar o pedágio. Me lembro da confusão pois não tinha certeza sobre como calcular os novos valores. Era maluco pois o valor em URV não aumentava, mas a cotação mudava todos os dias”, relembra. 
O que a veterinária e pedagoga cita é a mudança de moeda proposta pela equipe econômica do governo Itamar Franco.
A transição começou em março de 1994, com a criação da Unidade Real de Valor (URV), que no mesmo ano se tornaria o real. A URV funcionava como uma unidade de referência para a conversão dos preços enquanto a nova moeda não chegava de fato. 
Criada pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ela tinha paridade com o dólar e era calculada diariamente. Em 1º de março de 1993 começou custando CR$ 647,50 e terminou em 30 de junho a CR$ 2.750. 
Os grandes estoques de comida da família também marcaram a memória de Nathalia.
Antes do Plano Real, a ida ao supermercado era quase uma disputa olímpica.
Por conta da fragilidade da moeda nacional e da hiperinflação, as compras precisavam durar – o que fazia com que as famílias enchessem a dispensa para não sofrer tanto com o aumento repentino de preços.
Nos supermercados, as máquinas de remarcação de preços eram muito comuns.
“Ir para o mercado era quase um evento. Me lembro que comprávamos muito. Muitas latas de óleo, pacotes de arroz, produtos de limpeza. Era comum, por exemplo, encher dois carrinhos. Além de um armário só para enlatados, também tinha um apenas para produtos de limpeza e uma geladeira horizontal para bebidas e peças de queijo e presunto”, conta.  
Consumidores observam prateleiras vazias em supermercado durante o pacote econômico do governo Sarney, o Plano Verão. Foto: Norma Albano/Estadão Conteúdo – 31/1/1989Então, o avô de Nathalia, que na época era dono de uma cantina de escola, também fazia compras grandes. 
“Como os valores oscilavam muito, ele não podia ficar aumentando toda a hora o preço para as crianças. Assim, lembro que ele fazia uma tabela de valores com um canetão e atualizava duas vezes por ano. Mas acabava tendo que absorver esse preço do mercado estocando muita coisa”, conta. 
Dos consórcios de TV até as filas nos postos de combustível
Quem também se recorda bem das mudanças de preços da época é o revisor  

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