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Assaí mira expansão de serviços financeiros, mas sem descuidar da alavancagem

Na estratégia atual do Assaí (ASAI3), a redução da alavancagem é a principal prioridade. Contudo, isso não impede que a atacadista avalie, em paralelo, maneiras de diversificar suas operações. A companhia estuda ampliar a oferta de serviços monetários para pessoas jurídicas, buscando mais autonomia para fidelizar clientes. Além disso, o Assaí deseja entender melhor a rotina de vendas dos consumidores que gerenciam seus próprios negócios e coletar dados a partir disso. Essa é uma aposta em inteligência que ainda está em fase de planejamento e considera diferentes possibilidades.

“Dizer apenas que dados são importantes é chover no molhado. Dados são importantes se você consegue analisá-los e tomar decisões com base neles”, afirmou Vitor Fagá, CFO do Assaí, em conversa com o InfoMoney.

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Diversas soluções financeiras estão sendo estudadas, como linhas de crédito e até maquininhas. Um serviço de adquirência, por exemplo, poderia ajudar o Assaí a conhecer melhor o consumidor final do empreendedor que compra em suas lojas, abrangendo frequentadores de pizzarias, pastelarias e barzinhos que não são necessariamente clientes da atacadista.

Com essas informações em mãos, o Assaí poderia definir melhor seu sortimento e até mesmo negociar esses dados de mercado com a indústria fornecedora. A partir dessas informações, uma multinacional pode elaborar um novo produto para atender a uma demanda específica, por exemplo.

O CFO afirma que a vertical de serviços monetários precisa ser lucrativa, pois envolve custos e esforço de gestão para sua implementação. No entanto, ele admite que sua principal finalidade é fornecer inteligência e sinergia para o negócio, mantendo o cliente dentro do ecossistema da firma.

Vitor Fagá, CFO do Assaí (Crédito: Divulgação | Germano Lüders)

No passado, quando ainda fazia parte do Grupo Pão de Açúcar (GPA), o Assaí operou com microcrédito para firmas e, já como companhia independente, teve uma experiência com uma maquininha chamada “Passaí”. Atualmente, a atacadista possui um cartão de crédito com o mesmo nome, mas todos os serviços monetários passam pela FIC, a financeira da qual o Assaí é sócio junto com o GPA (PCAR3) e Casas Bahia (BHIA3), com o Itaú (ITUB4) como acionista majoritário.

O Assaí deseja fazer diferente desta vez e está negociando para que a nova oferta de serviços monetários seja disponibilizada fora da FIC, com uma estratégia própria para o segmento em que atua.

Cria da casa

Fagá se tornou CFO do Assaí em março deste ano. Antes de assumir a posição, ele estava no grupo Carrefour (CRFB3), onde foi CEO do Sam’s Club por quase dois anos. Ele deixou o cargo em janeiro, quando o clube de compras foi integrado à unidade de varejo da companhia. Sua chegada ao Assaí foi um reencontro, já que Fagá atuou por nove anos no GPA e acompanhou o desenvolvimento do braço de atacarejo do grupo, que logo se tornaria uma companhia independente.

O executivo avalia que o Assaí inovou ao transformar o conceito de cash and carry (atacarejo) no Brasil, implementando ambientação, sortimento e serviços típicos de supermercados. “Eu não duvido que, em um ou dois anos, veremos uma perda de ‘share’ dos supermercados em favor do cash and carry”, afirma, ressaltando que esse modelo de varejo já chegou a cidades menores e está cada vez mais próximo do consumidor de supermercado.

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Um dos pontos fortes da gestão do Assaí, na visão do CFO, é sua capacidade de estabelecer prioridades e saber dizer não. “Não dá para fazer tudo. Ninguém tem recursos infinitos”, observa.

Soluções

O Assaí está prestes a concluir a conversão das duas últimas lojas das 66 que adquiriu do GPA em 2021. Por meio de expansão orgânica, mais 15 unidades estão previstas para este ano. A estratégia de aberturas para os próximos anos é um dos temas discutidos atualmente pelo conselho da firma, e a redução da alavancagem será essencial para que novos planos sejam traçados.

A relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da firma fechou o segundo trimestre deste ano em 3,65 vezes. A meta para o final do ano é reduzir esse indicador para 3,2 vezes. Quanto menor a alavancagem, menor a despesa financeira, permitindo que a firma disponha de mais recursos para investir.

Esta semana, o nível de alavancagem da firma levou o JPMorgan a reduzir sua recomendação para as ações do Assaí. Os analistas do banco projetam que o ritmo de aberturas pode ser reduzido para menos de 10 lojas em 2025, especialmente devido à possibilidade de aumento de juros no país.

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Fagá defende uma desalavancagem mais intensa e rápida. Ele afirma que é possível otimizar o investimento em expansão, utilizando formatos menos intensivos em capital, como o “build to suit“. Nessa modalidade, a aquisição do terreno e a construção da loja são feitas por um terceiro, que aluga a unidade para o Assaí. Outra solução mais econômica é construir lojas em terrenos alugados, firmando contratos de longo prazo com seus proprietários.

A verdade é que a desalavancagem será crucial não apenas para a continuidade da expansão da rede de lojas, mas também para que a companhia defina outros segmentos de atuação no futuro.

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Fonte original
Author: Mitchel Diniz

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