As brasileiras da B3 com maior exposição aos EUA – e como elas podem ganhar mais
O desconto de múltiplo entre o preço sobre lucro (P/L) da América Latina na comparação com os dos EUA está em um recorde de 60% – uma oportunidade para 24 firmas da região com grandes firmas dos EUA, algumas delas listadas no Brasil, conforme aponta o Bradesco BBI.
Listagens, cisões seriam opções para essas companhias, caso da subsidiária de frangos da JBS (JBSS3) Pilgrim’s Pride, enquanto a Cosan (CSAN3) busca fazer o IPO da Moove (apesar de ter interrompido no momento por condições de mercado).
“A América Latina sofreu por mais de uma década no relativo deserto de investimentos. O mercado dos EUA e suas grandes ações de tecnologia lideraram o desempenho, com avaliações cada vez mais altas e atraindo capital de todo o mundo. Em nossa opinião, esse prêmio de avaliação dos EUA de 60% quase recorde para a América Latina é uma oportunidade inexplorada para as 24 ações da América Latina, com grandes firmas norte-americanas podendo considerar listagens nos EUA para cristalizar valor e fornecer capital barato para expansão ou desalavancagem”, avalia.
Neste sentido, o banco ressalta que as firmas podem estar mais de olho nisso, o que leva a aberturas de capital no exterior e até recompras para fechar o desconto de valuation recorde.
Contando as 24 firmas da América Latina com negócios significativos na América do Norte, o banco avalia que apenas a JBS e potencialmente agora a Cosan buscaram monetizar esses negócios listando-os nos mercados dos EUA.
“Acreditamos que esta pode ser uma oportunidade perdida de reduzir o desconto crônico de avaliação que muitas firmas da América Latina têm agora. Muitos desses negócios norte-americanos são de longa data, iniciados por firmas mexicanas na década de 1990 e brasileiras na década de 2000”, cita. Essas 24 latino-americanas têm grandes negócios norte-americanos, com média de 31% de suas vendas totais. Elas são negociadas com um desconto médio de 40% em relação aos pares do setor dos EUA.
Com relação ao Brasil, o BBI ressalta que a Gerdau (GGBR4) adquiriu a Ameristeel em 2001, e ela foi listada publicamente até 2010. A Ambev (ABEV3) opera no Canadá desde 2005, após a fusão com a Labatt. A Vale (VALE3) comprou a produtora canadense de níquel Inco por US$ 17 bilhões em 2006. A WEG (WEGE3) adquiriu um negócio nos EUA em 2011. Da participação média de 31% das vendas, há uma variação entre uma baixa contribuição de 6% para a Cosan e 12% para os negócios canadenses da Ambev como uma porcentagem do total até uma alta contribuição de 69% das vendas dos EUA para as ações de cimento mexicanas GCC e JBS em quase 60%, ancoradas pela Pilgrim’s Pride listada separadamente.
O BBI fez uma avaliação atual dos negócios listados na América Latina com seu grupo de pares da indústria listado nos EUA, tomando a média de cinco métricas de avaliação: P/L (preço sobre lucro), EV/Ebitda (valor da firma sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), EV/Ebit, EV/Receita e P/VPA (Valor Patrimonial da Ação).
Todos, exceto a WEG, são negociados com desconto, com um desconto médio de 40%. • Os maiores descontos de avaliação, de mais de 50%, estão entre agregados e firmas siderúrgicas (GCC, Cemex, Argos e a brasileira Gerdau).
Os descontos mais estreitos estão entre as ações de consumo do México (Bimbo, Chedraui, Gruma), potencialmente reduzindo a atratividade de uma listagem nos EUA, “a menos que eles acreditem que a perspectiva de crescimento ou a lucratividade do negócio justifique um prêmio para a avaliação dos pares dos EUA”, avalia.
Para o BBI, também parece haver valor para a Vale listar um negócio de metais básicos focado na América do Norte, com 14 pares (de Cleveland-Cliffs a Worthington Steel) com o dobro de sua avaliação.
Veja abaixo a exposição dos EUA na venda dessas firmas em 2023:
Entre as brasileiras estão: JBS (JBSS3), Gerdau (GGBR4), Iochpe-Maxion (MYPK3), Vale (VALE3), WEG (WEGE3), Embraer (EMBR3), Ambev (ABEV3) e Cosan (CSAN3).
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Autor: Lara Rizério