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Temporada de balanços do 3º tri: veja o que esperar das 5 maiores da Bolsa

Analistas e estrategistas de ações do mercado monetário esperam resultados que vão de neutros a positivos nos balanços monetários das maiores firmas listadas na Bolsa de Valores do Brasil, a B3.

A expectativa aumenta conforme se aproxima a temporada de divulgação do relatório do terceiro trimestre das companhias, na próxima terça-feira (22).

O cenário macroeconômico das ações continua fragilizado devido aos juros altos, que favorece investimentos em renda fixa, sobretudo os títulos públicos de curto prazo.

O investidor que investe em renda variável assume mais riscos e leva o investimento a longo prazo, de preferência alocado em firmas sólidas e com credibilidade no mercado monetário.

As cinco maiores companhias listadas na B3 costumam influenciar o índice Ibovespa. O desempenho das ações da Petrobras e Vale, por exemplo, se reflete na subida ou na baixa do indicador durante o pregão do dia a dia.

Os indicadores de valuation – quanto vale uma firma descontada a inflação e os juros – continuam positivos. É o que afirma Braz Peres Neto, gestor da Planalto Capital.

“Petrobras, Itaú e Vale ganham destaque pelos bons indicadores de valor, Weg ganha destaque pelo ótimo momento e Ambev, apesar do porte e histórico da firma, se encontra em momento mais difícil”, destaca.

Petrobras

A discussão em torno da distribuição dos dividendos da petroleira deve estar no foco dos analistas e investidores. “Para os próximos resultados monetários, destaque sobretudo para a discussão sobre a política de dividendos e de investimentos da Petrobras”, diz Neto.

Os dividendos são uma fração do lucro gerado pela firma e distribuído aos acionistas conforme a proporção da participação deles no capital da companhia.

Em março, a decisão da Petrobras em não pagar os dividendos extraordinários – pagos além daquele valor mínimo – levou a uma desvalorização de mercado em R$ 55 bilhões. Poucas semanas depois, a Petrobras voltou atrás e distribuiu os dividendos.

“Do lado de petróleo deve ser uma temporada neutra para positiva. A gente ainda fica dependendo da dinâmica de custo de produção de cada companhia”, observa Bruno Lima, analista de ações do BTG Pactual.

Já Marco Saravalle, estrategista chefe da MSX, afirma que deve haver uma relativa estabilidade ou uma ligeira queda no ebtida – potencial de geração de caixa da firma.

“Devemos ter uma relativa estabilidade e talvez uma ligeira queda no ebtida com relação ao ano passado, mas dentro do previsto. Olhamos para a lucratividade deve ter algum impacto. O resultado de commodities pode ser igual ou ligeiramente menor do que no ano passado em termos de receita e ebtida, mas não deve ser um grande catalisador dos resultados”, afirma.

A impressão da Genial Investimentos sobre a expectativa dos resultados da Petrobras recai sobre os dividendos e a redução dos investimentos da firma.

“Nossa impressão é que essas preocupações devem ser postergadas para 2025 tendo em vista o fluxo de notícias recentes da firma, indicando a redução dos investimentos para esse ano e grande possibilidade de pagamento de dividendo extraordinários”, diz trecho do documento.

A Genial recomenda ainda manter as ações na companhia, mas traz um ponto de atenção.

“Acreditamos que um dos pontos de atenção a serem acompanhados na tese da Petrobras é a execução do seu plano de investimentos tendo em vista o histórico de sucesso no segmento de E&P versos um fraco histórico em outros segmentos ou ativos fora do país e fluxo de pagamento de dividendos dependente da execução do volume de investimentos”, diz, em relatório.

Itaú

Em relação ao banco Itaú, segunda maior companhia lista na B3, a Genial espera que tenha o melhor desempenho entre os grandes bancos do país, com um retorno sobre o patrimônio de 22%, além de uma “sólida expansão de lucro e aceleração no crescimento do crédito”, diz o documento.

A Genial projeta um lucro líquido de R$ 10,5 bilhões, o que reflete um crescimento de 4,4% no trimestre e 16,3% ao ano. “Além disso, o resultado do terceiro trimestre deve ser positivamente impactado pela reversão das provisões relacionadas ao caso Americanas, com um ganho incremental estimado de R$ 450 milhões, elevando o lucro total para R$ 10,96 bilhões e o retorno para 23,4%”.

Vale

Na área de mineração, com foco na atividade da Vale, principal mineradora do país, o resultado também deve ficar dentro do esperado, apesar da queda no preço do minério de ferro.

“O setor de mineração teve bons volumes no relatório de produção da Vale. O preço caindo era esperado e está correlacionado com a commodities de minério de ferro. Do lado de petróleo deve ser uma temporada neutra para positiva. A gente ainda fica dependendo da dinâmica de custo de produção de cada companhia”, diz Lima.

Já Saravalle segue no mesmo sentido. “Quando olhamos para Vale, vemos os preços mais baixos das commodities, o que traz receita e ebtida em um patamar mais baixo. A Vale deve ter uma ordem de mais 10% de redução ou próximo de 13% da receita na comparação anual, e mais de 20% de queda no ebtida na comparação anual, principalmente por conta do preço mais do minério de ferro”, diz.

O Goldman Sachs, um dos principais bancos de investimentos internacionais, prevê uma reviravolta operacional. “O preço das ações da Vale ficou atrás do recente aumento no minério de ferro, mas acreditamos que há espaço para uma recuperação à medida que os esforços da firma para melhorar a lucratividade se tornam mais evidentes”, diz, em relatório.

Já o Bank of America (BofA) mantém a classificação como neutra em relação à visão mais cautelosa sobre a produção de minério de ferro. Com isso, o BofA vê as avaliações como justas e entregando 2% de rendimento.

“Após o início antecipado do projeto de Vargem Grande e a revisão da sua previsão de produção de minério de ferro para 2024, a Vale entregou fortes números de produção de minério de ferro no terceiro trimestre. A produção foi relatada em 91 toneladas, que foi 4% acima do consenso e 5% acima do consenso Bloomberg, com recorde desde o quarto trimestre de 2018”.

Weg

A Weg, companhia pioneira no desenvolvimento de soluções em geração de energia solar no Brasil, apresentou ajustes positivos nos preços apesar dos pedidos dos clientes que impediu a expansão da receita em um ritmo mais forte. É o que observam os analistas do Itaú.

“Enquanto isso, os pedidos caíram 4% ao ano, com um desempenho fraco na Europa, Ásia, Oriente Médio e África, que mais do que compensou os pedidos de aumento de 2% no ano nas Américas. A lucratividade mostrou alguma melhoria, já que a ebtida aumentou 4% no ano principalmente devido aos bons preços e custos de produção”, diz trecho do documento.

Segundo os analistas no relatório, os ganhos sintetizam os resultados de um curto ciclo da Weg no terceiro trimestre, “o que poderia indicar um crescimento orgânico de topo baixo e contínuo, compensado por uma surpresa positiva na rentabilidade, impulsionada por um ambiente de preços favorável e um mix de produtos. Esperamos que o ciclo de vendas da Weg siga nessa tendência”.

Os analistas esperam que a Weg se beneficie da depreciação do real frente ao dólar no terceiro trimestre deste ano.

Ambev

O BofA projeta resultados positivos para a Ambev no terceiro trimestre. Isso ocorre por causa da demanda por cervejas, que permanece alta, o que eleva o volume de vendas em 3,4% ao ano.

“Esperamos um ligeiro aumento sequencial de velocidade/hl da cerveja, que combinado com os custos de produção deve conduzir a uma expansão. Espera-se um ebtida de R$ 6,9 bilhões e lucro líquido de R$ 3,5 bilhões”, diz o relatório.

O banco americano acredita que as margens operacionais devem continuar a expandir de forma sólida ano a ano. “Por outro lado, o cenário para os negócios internacionais continua desafiador, principalmente no Canadá e América do Sul, embora haja uma comparação mais fácil para os volumes da Argentina neste trimestre”, diz.

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Autor: gabrielbosa

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