Do Vale do Silício ao seu bolso: como as big techs estão redefinindo economia e investimentos
Visitar o Google não me fez pensar em tecnologia. Me fez pensar em economia, pois, na prática, o que eles vendem não é apenas inovação, é a sua atenção.
Essa foi a sensação que tive esta semana ao caminhar pelos corredores do Google e do YouTube em Palo Alto, no coração do Vale do Silício. Não se tratava somente de prédios modernos ou funcionários circulando de bicicleta. Era como estar dentro de uma engrenagem invisível que movimenta negócios, investimentos e até o modo como usamos nosso tempo e dinheiro.
Percebi que o Google e outras gigantes da tecnologia deixaram de ser apenas “firmas de software”. Hoje, funcionam como uma nova infraestrutura global, tão essencial quanto foram, no passado, as ferrovias, o petróleo ou a energia elétrica. Estar ali me mostrou que o impacto delas já chegou ao nosso bolso, mesmo que muitas pessoas ainda não tenham consciência disso.
A economia da atenção
Imagine um recurso finito, disputado por firmas, marcas e governos no mundo todo. Esse recurso não é ouro, petróleo ou água. É o tempo que você passa olhando para uma tela.
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Google e YouTube transformaram a atenção humana em um ativo econômico. Cada clique, cada vídeo assistido, cada pesquisa digitada gera dados que se convertem em bilhões de dólares em publicidade digital. Não por acaso, a Alphabet, holding que controla as duas plataformas, figura entre as firmas mais valiosas do mundo.
Esse modelo revolucionou a lógica dos negócios. Um pequeno empreendedor em uma cidade do interior do Brasil consegue anunciar seus produtos para um público altamente segmentado, competindo com multinacionais em termos de alcance.
O que antes era privilégio de grandes firmas hoje está na palma da mão de qualquer pessoa com um smartphone. O impacto disso vai muito além da publicidade. É a economia da atenção que possibilita esse salto.
Essa disputa por atenção não movimenta apenas o mercado publicitário. Ela molda hábitos, define tendências culturais e afeta até indicadores econômicos. Se antes a televisão era a grande vitrine, agora é o algoritmo que determina o que vemos, quando vemos e por quanto tempo permanecemos conectados.
Dados: o novo petróleo
Para você ter uma ideia, falando somente em termos de Brasil, de acordo com o relatório de impacto econômico do Google, em 2024 a firma movimentou mais de R$ 215 bi em nossa economia através de ferramentas como Google Ad, AdSense Play, Google Cloud e YouTube.
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Ao caminhar pelos corredores do Google, ficou evidente que o verdadeiro motor da companhia não são os prédios modernos nem os cafés descolados: são os dados. Assim como o petróleo foi o combustível da Revolução Industrial, os dados são a matéria-prima da Revolução Digital.
Eles não servem apenas para mostrar anúncios. Alimentam modelos de inteligência artificial, guiam decisões de crédito, aprimoram serviços monetários e transformam a maneira como governos e firmas planejam suas estratégias.
Um exemplo simples: seu histórico de buscas pode afetar a propaganda de um banco que aparece para você. Em escala global, esse mesmo tipo de informação é usado para modelar risco em carteiras de crédito, prever comportamento de consumidores e até antecipar tendências de mercado.
Ou seja, os dados não estão apenas moldando a internet, eles estão moldando a economia real.
Produtividade e o futuro do trabalho
Outro ponto que chama atenção é como as big techs reposicionaram o conceito de produtividade. Não se trata apenas de produzir mais em menos tempo, mas de repensar estruturas inteiras com base em automação, nuvem e inteligência artificial.
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firmas como Google usam IA para reduzir custos, melhorar processos e encontrar novas fontes de receita. Isso impacta diretamente na produtividade global. Mais eficiência significa margens maiores, novos modelos de negócio e, inevitavelmente, mudanças no mercado de trabalho.
Profissões tradicionais passam a ser revistas, outras desaparecem, novas funções surgem e a requalificação se torna indispensável. No fim, todos somos impactados, seja como profissionais, seja como consumidores.
Esse movimento, que para muitos talvez pareça distante, alcança a todos, desde uma startup que corta gastos ao usar ferramentas de nuvem, até uma grande firma que adota automação para competir globalmente.
Impacto direto no investidor comum
Agora, talvez você esteja pensando: “Tudo bem, mas o que isso tem a ver com meu bolso?”. A resposta: tudo!
Mesmo quem nunca comprou uma ação da Alphabet (controladora do Google) ou investiu em ETFs internacionais que se expõem ao mercado internacional já está conectado a esse movimento. Cada vez que você assiste a um vídeo no YouTube ou faz uma pesquisa no Google, usa o Gemini para te auxiliar numa tarefa, está ajudando a valorizar essas firmas.
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Para o investidor brasileiro, compreender essa engrenagem não significa apenas olhar para os balanços de big techs. Significa entender como elas afetam seus hábitos de consumo, suas oportunidades de carreira e até a estratégia de investimentos no mercado local.
Por exemplo: a crescente relevância de firmas digitais tem impulsionado fundos de tecnologia, aumentado a demanda por profissionais qualificados em dados e inteligência artificial e, em última instância, redefinido setores inteiros da economia.
Os fundamentos da firma se confirmam
Essa minha imersão em Palo Alto apenas reforçou uma convicção que carrego como analista: o Google, mais do que uma firma “descolada”, é uma força disruptiva e uma verdadeira vanguarda da tecnologia. Caminhar por seus corredores e entender a profundidade de seus projetos in loco, trouxe uma camada extra de certeza ao valuation que já havia feito
Alphabet é um ativo sob análise minha e do meu time de analistas dentro da Comunidade Mira, onde os membros recebem insights relevantes sobre as tendências do mercado. A visão de longo prazo que já vínhamos defendendo em nossos relatórios se solidifica ao testemunhar de perto as inovações em curso.
Pude ver, por exemplo, como o sistema de pagamentos da Google Wallet se expande e como as inovações no YouTube, já presentes nos mercados asiático e americano, como o YouTube Shopping, estão prontas para revolucionar o cenário brasileiro.
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Essa série de implementações que a firma vem realizando, não apenas corrobora minha visão de que a Alphabet é uma firma robusta para o longo prazo, mas também sugere que seu potencial ainda está subestimado no mercado, apresentando uma oportunidade interessante para quem busca investir em companhias que estão redefinindo o futuro.
A crescente relevância de firmas digitais, por exemplo, tem impulsionado fundos de tecnologia, aumentado a demanda por profissionais qualificados em dados e inteligência artificial e, em última instância, redefinido setores inteiros da economia.
O futuro já chegou
Ao sair da sede do Google em Palo Alto, a sensação era de que não visitei uma firma. Visitei um pedaço do futuro. Um modelo de futuro que já está embutido em cada busca feita no celular, em cada vídeo que assistimos e em cada decisão de consumo que tomamos.
Para quem investe, compreender o papel das big techs não é apenas acompanhar a cotação de suas ações. É entender como se move a engrenagem que redefine a economia global, afeta a produtividade, cria novos modelos de negócio e transforma a forma como usamos nossos recursos.
E talvez essa seja a grande lição: quando pensamos em finanças pessoais e investimentos, não estamos mais apenas diante de juros, inflação e câmbio. Estamos diante de uma nova infraestrutura invisível, construída em linhas de código, dados e algoritmos, que já dita o ritmo da economia mundial.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: E-Investidor