“Gostamos de operar contra os excessos de convicção do mercado”, diz Itaú Asset
Enquanto o mercado brasileiro entrava em colapso no final do ano passado após ficar imerso em um profundo pessimismo com o cenário fiscal do País, a Itaú Asset montava posições otimistas em renda fixa brasileira para capturar a queda de juros projetada para frente. A gestora do Itaú estava convencida de que todo aquele movimento – que afundou a Bolsa e desvairou o dólar no fim de 2024 – na verdade, fazia parte de uma narrativa exagerada. Daquelas que constantemente são adotadas como verdade absoluta no mercado.
A Itaú Asset tinha razão. Logo no início de 2025 o cenário inverteu e a gestora ganhou dinheiro com isso. A estratégia de apostar contra os “excessos de convicção” do mercado foi apontada, por Fernando Cavallete, especialista de portfólio da casa, como um dos fatores que destacou os fundos da casa nos últimos três anos.
No Guia FGV de Fundos de Investimentos 2025, uma publicação tradicional que elege as melhores assets nos últimos seis semestres, a Itaú Asset foi considerada a melhor gestora de fundos multimercados e de ações entre as grandes. No ranking geral, ficou em segundo lugar, atrás da Bradesco Asset (como detalhamos nesta reportagem). Historicamente, foi 15 vezes campeã do levantamento.
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“O que gostamos muito de fazer é operar muito contra os excessos de convicção do mercado”, afirma Cavallete. “O mercado gosta de narrativas e muitos players acabam embarcando. Nós tomamos muito cuidado e, de fato, às vezes nos posicionamos contra esses excessos.”
Outro exemplo desse fenômeno, diz o Itaú, foi a perspectiva de que as tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump levariam os Estados Unidos a uma recessão. “E todo mundo foi para esse lado como quase absoluta certeza”, diz Cavallete. “O juro fechou, a bolsa desabou. Quando vimos esse movimento, montamos posições contrárias.”
O saldo desse nado contra a maré foi conseguir manter, em média, a performance dos fundos de ações e multimercados atrativa. Mesmo frente à competição com uma taxa de juros de dois dígitos na renda fixa e em um momento de sofrimento para a indústria de fundos.
Nessa janela de três anos analisada pela Fundação Getulio Vargas, os fundos de risco sofreram resgates em massa. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados monetário e de Capitais (Anbima) mostram uma saída de R$ 685 bilhões de janeiro de 2022 até setembro deste ano.
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Apesar de ter tido os fundos de risco com os melhores resultados entre grandes assets, a Itaú Asset não passou intocada por esse período. Sofreu com o fluxo negativo, ainda que menos do que a média do mercado, na visão de Cavallete.
Algumas famílias de fundos da Itaú Asset, como o Itaú Janeiro, composto por multimercados e renda fixa, conseguiram ir na contramão dessa grande avalanche de resgates em função do desempenho.
“Essa mesa completou dois anos agora com um produto que, desde o início, está entregando CDI+5% ao ano”, apontou o especialista de portfólio. “É um retorno muito diferenciado em relação à indústria. Inclusive, nós fechamos os fundos para captação no mercado local. O patrimônio está próximo de R$ 28 bilhões.”
A Itaú Asset opera desde 2019 em um sistema de “multimesas”, um sistema que combina diversos times de gestão independentes dentro do ecossistema do banco.
Um futuro diferente
Nos últimos três anos, em termos de captação, o principal motor das assets foi o crédito privado. Mas com a expectativa de cortes na taxa de juros em 2026, hoje em 15% o ano, a Itaú Asset projeta à frente um momento melhor para os fundos multimercados e de ações.
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“Vemos a indústria pelo menos se estabilizando. Já começamos a ver que os fundos, pensando na indústria em geral, voltaram a entregar retornos interessantes e os investidores devem voltar a prestar atenção”, ressalta Cavallete.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Jenne Andrade
