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Portfólio 3X: o ensinamento milenar do Talmude que atravessou crises e ainda protege o patrimônio hoje

“Um homem deve sempre dividir a sua riqueza em três partes: um terço em terras, um terço em negócios e um terço em reservas.” A frase, escrita por estudiosos judeus na Babilônia e na Judeia durante século III  atravessou o tempo com uma resistência que poucos textos conseguem ostentar. Produzido entre os anos 300 d.C. e 500 d.C. , o Talmude — obra moldada por séculos de debates rabínicos voltados à vida prática da comunidade judaica —, o Portfólio 3x acabou se tornando o eixo intelectual de toda uma tradição.

Hoje é natural questionar a validade de basicamente todo tipo de ensinamento, principalmente aqueles que mexem com patrimônio das pessoas. Discutem-se estratégias de investidores contemporâneos como Luiz Barsi e põe-se à prova as teorias liberais de Adam Smith. Ainda mais natural é duvidar: será que esse ensinamento milenar ainda merece atenção depois de quatro revoluções industriais, globalização e do surgimento do capitalismo monetário?

Para o economista Charles Mendlowicz, sim.

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No fim de novembro, Mendlowicz passou por uma revisão profunda de sua própria abordagem como investidor e educador monetário. Após oito anos produzindo conteúdo sobre investimentos, finanças pessoais e economia, ele decidiu atualizar a estratégia que ensina, e a forma como o público deveria olhar para o próprio patrimônio, diante de um mercado mais volátil, repleto de promessas milagrosas e recomendações perigosas.

Nesse processo, voltou às raízes da própria tradição judaica e encontrou o método que defende.

Segundo ele, a fórmula mais eficiente para sobreviver e até prosperar em ciclos de estresse está registrada justamente no Talmude. Mendlowicz afirma que o chamado Portfólio 3X é um modelo simples e antifrágil, testado ao longo de séculos de guerras, inflações e colapsos bancários. Nas palavras do economista, “a base do método é a diversificação de patrimônio em três pilares, cada um com uma função específica na proteção”.

Ele lembra que a divisão tripartite de terras, negócios e reservas, aparece em eras decisivas. “Essa divisão provou sua eficácia em momentos históricos como os ‘7 anos de fartura e 7 anos de fome’ do Egito antigo, a inflação do Império Romano, a Grande Depressão de 1929 e as crises financeiras mais recentes, como a de 2008 e a da Covid-19”, contextualiza.

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O Portfólio 3X, segundo Mendlowicz, tira proveito de pontos raramente explorados pelo investidor comum: a liquidez e a resiliência de um setor podem financiar o aproveitamento de descontos em outro. “Ao invés de apenas proteger o investidor, o método permite que ele avance durante o caos”, explica.

O que entra em cada parte e como aplicar

Mendlowicz detalha a composição ideal de cada terço do portfólio.

A fatia dedicada a terras reúne ativos reais e instrumentos ligados à geração de renda passiva baseada em propriedades. Inclui Fundos Imobiliários (FIIs), imóveis, terrenos, fazendas, fundos agro e fundos de índice (ETFs) no exterior.

O pilar de negócios concentra a participação no crescimento econômico e nos lucros corporativos. Entram nesse grupo: ações estrangeiras negociadas no Brasil (BDRs), ETFs de ações, debêntures, crédito corporativo, private equity (compra de participação de firmas de capital fechado), investimentos em startups e até algumas criptomoedas.

O terceiro componente, o das reservas, mira a preservação do poder de compra e a manutenção de liquidez quando o cenário aperta. “Ouro, ativos com alta liquidez e que cumprem a função de reserva de valor entram nessa categoria. Stablecoins (espécie de criptomoeda) valem como reserva, o bitcoin também, mas com cautela por ser um ativo que, apesar de considerado o ouro digital, tem ressalvas e deve ter um limite de exposição entre 1% e 5% no portfólio”, orienta o economista.

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Na prática, um investidor poderia destinar R$ 300 mil do seu patrimônio total de R$ 900 mil para cada pilar: nos ativos de terras, aplicar R$ 100 mil em FIIs que pagam dividendos regulares, R$ 100 mil em um imóvel para aluguel e R$ 100 mil em ETFs de REITs internacionais; no pilar de negócios, R$ 150 mil em ações de firmas consolidadas, R$ 100 mil em debêntures corporativas e R$ 50 mil em ethereum; e nas reservas, alocar R$ 200 mil em ouro físico, R$ 50 mil em stablecoins e R$ 50 mil em bitcoin.

É importante lembrar que este exemplo não se pretende como um modelo pronto e, portanto, não se aplica a todos os investidores. Cada um deve considerar seu perfil de risco, objetivos monetários e horizonte de investimentos antes de tomar decisões, ajustando os ativos de acordo com sua situação.

Do sal ao bitcoin: lições que atravessam séculos

Mendlowicz sustenta que a lógica do Portfólio 3X funciona justamente porque rejeita a sedução de apostas únicas. “A história prova que o dinheiro vai mudando de formato ao longo do tempo. Vimos isso acontecer com o sal, o cobre, o ouro, o papel e o bitcoin. Quem aposta em apenas uma modalidade corre o risco de perder tudo”, afirma.

Com mais de três décadas de mercado, o economista diz que a força do modelo está no fato de não pertencer a nenhum ciclo específico. A divisão tripartite, segundo ele, oferece ao investidor equilíbrio para pensar, liquidez para agir e estrutura para aproveitar as oportunidades que surgem justamente quando o mercado está mais vulnerável.

Para o economista, o portfólio 3x que atravessou impérios, crises e inovações tecnológicas continua em pé por um motivo simples: ainda funciona.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Igor Markevich

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