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As novas estrelas de Wall Street: os ‘family offices’

Famílias ricas estão criando family offices — estruturas dedicadas à gestão de seu patrimônio — em ritmo recorde e conquistando espaço em negociações relevantes. Esses escritórios se tornaram os novos centros de poder de Wall Street.

Um número crescente de americanos muito ricos vem lançando family offices, firmas que fazem de tudo: investem recursos do ultrarricos, administram assuntos pessoais e organizam o dia a dia monetário das famílias. São estruturas grandes, discretas e cada vez mais influentes tanto em Wall Street quanto na economia real.

Essas famílias administravam cerca de US$ 5,5 trilhões em patrimônio recentemente, um salto de 67% em relação a cinco anos atrás, segundo a Deloitte. A consultoria estima que esse valor chegue a US$ 6,9 trilhões neste ano e ultrapasse US$ 9 trilhões até 2030. Nos próximos anos, esses escritórios devem administrar mais dinheiro do que os fundos hedge.

Bancos e outras instituições disputam atender a todas as demandas dos family offices, enquanto empreendedores e gestores de investimento tentam atrair uma fatia dessa riqueza.
“Não está apenas crescendo, está explodindo”, disse Hendrik Jordaan, sócio do escritório Nelson Mullins, que atua exclusivamente com family offices. “Vejo o universo dos family offices como o próximo private equity.”

Criar um family office virou moda. Embora os maiores administrem há anos bilhões de dólares para magnatas como Jeff Bezos, Michael Dell e Bill Gates, famílias com patrimônios de dezenas ou centenas de milhões de dólares também passaram a montar seus próprios escritórios — ou recorrer a multifamily offices, que atendem várias famílias. Hoje existem mais de 8.000 single-family offices no mundo, cerca de um terço a mais do que em 2019, segundo a Deloitte. A expectativa é que esse número ultrapasse 10.000 até 2030.

“Virou quase um rótulo para famílias de altíssimo patrimônio: você tem ou não um family office?”, diz Justin Flach, diretor de estratégia patrimonial da Ascent Private Capital Management, do U.S. Bank, que costuma atender famílias com patrimônio acima de US$ 75 milhões. “Há um certo status associado a isso.”

A forma como os ultrarricos alocam esse poder monetário tem implicações profundas para firmas de praticamente todos os setores da economia americana, para a filantropia global e para a economia como um todo. À medida que esse dinheiro circula, pode moldar o destino de negócios ligados a áreas como inteligência artificial, data centers, clínicas odontológicas e spas médicos.

Pelo volume de recursos que mobilizam, grandes family offices conseguem disputar ativos com investidores institucionais de peso, como Apollo Global Management e Blackstone. Eles também aparecem em operações envolvendo firmas listadas. Escritórios ligados ao falecido fundador da Pequot Capital, Arthur Samberg, e a Addison Fischer estão entre os investidores da TAE Technologies, firma de energia de fusão que anunciou neste mês uma fusão avaliada em US$ 6 bilhões com a Trump Media and Technology Group.

Diferentemente de gestores de fundos de pensão públicos — que prestam contas a professores e bombeiros — ou de fundos hedge, que reportam resultados regularmente a investidores, os líderes de family offices respondem apenas a si mesmos. Isso lhes dá ampla liberdade para manter investimentos por décadas, atravessar períodos de alta volatilidade ou fazer apostas grandes e concentradas. Segundo traders e assessores, eles costumam ter pouco interesse em usar derivativos para proteção.

Essa disposição para manter posições otimistas em ações ou setores específicos os torna uma fonte atraente de capital para firmas.

“Recebemos muitas propostas”, diz o empreendedor e filantropo Vinod Gupta, que criou seu family office, o Everest Group, há mais de dez anos, com mais de US$ 100 milhões após vender uma de suas firmas. “Aposto que recebo três e-mails por dia. Claro que eu simplesmente apago.”

Gupta emprega cerca de sete pessoas, incluindo duas dedicadas aos investimentos. Suas doações para instituições como a Universidade de Nebraska e escolas na Índia são feitas por meio do escritório.

Os family offices costumam ser o centro da vida financeira das famílias ricas. Muitos cuidam de tarefas rotineiras, como pagar milhares de contas por ano, para que os donos nunca precisem olhar uma fatura de cartão de crédito. Administram patrimônios ao redor do mundo e intermediam a compra e o financiamento de bens como aviões e iates. Também podem coordenar equipes que organizam viagens, fazem reservas em restaurantes e até cuidam das malas.

Alguns contam com apenas alguns funcionários; outros, com dezenas ou centenas. As equipes podem incluir desde gestores domésticos até psicólogos. Mais de um quinto dos family offices com mais de US$ 500 milhões em ativos têm consultores de arte, segundo uma pesquisa do Citi com mais de 300 escritórios neste ano.

Betsy Bickar, chefe de consultoria de arte do Citi, levou recentemente uma família latino-americana muito rica para visitar o Museu Guggenheim, em Nova York, fora do horário de funcionamento. Eles circularam pelo espaço praticamente vazio, observando obras da artista brasileira Beatriz Milhazes e de Rashid Johnson.

Grandes bancos e gestores de recursos passaram a oferecer serviços de family office para investidores que ainda não são bilionários, mas têm dezenas ou centenas de milhões de dólares. Hoje existem cerca de 800 assessores de investimento registrados que se autodenominam multifamily offices, um aumento estimado de 30% em dez anos, segundo a Schwab Advisor Services.

Manter um family office individual pode custar milhões de dólares por ano. firmas como Mercer Advisors e Corient oferecem esse tipo de serviço para clientes com mais de US$ 25 milhões em ativos — algumas exigem mínimos de apenas US$ 10 milhões.

Investidores ultrarricos costumam ser curiosos sobre o que seus pares em outros family offices estão fazendo e em quais negócios estão entrando. Eles frequentemente se movem em grupo, investindo juntos após alguém identificar uma oportunidade atraente. Escritórios conectados a redes de famílias conseguem, assim, condições mais vantajosas em negociações.

Family offices adoram conversar com outros family offices”, diz Dino De Vita, que trabalha com mais de 550 dos clientes mais ricos do Northern Trust.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: The Wall Street Journal

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