Crise na Ambipar (AMBP3): o que o investidor pessoa física pode perder?
A Ambipar (AMBP3) surpreendeu o mercado nesta quinta-feira (25) ao informar que conseguiu uma tutela cautelar na 3.ª Vara firmarial do Rio de Janeiro. Na prática, a medida protege a firma de exigências de credores por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. A notícia, no entanto, abala diretamente os investidores da companhia.
Eduardo Terashima, sócio do NHM Advogados, explica que a tutela não implica necessariamente no pedido de recuperação judicial, mas é provável que isso ocorra.
“Ela pode funcionar como medida preparatória que permite negociações extrajudiciais com credores ou eventual reestruturação societária. A firma dispõe do prazo da tutela para buscar acordo ou, então, pedir recuperação judicial”, explica Terashima.
De acordo com a Ambipar, a medida busca garantir a continuidade de suas atividades e proteger seus ativos. A firma destacou ainda que segue dedicada a manter um diálogo construtivo com seus credores, em busca de um acordo que traga benefícios a todos os investidores.
Eduardo Silva, presidente do Instituto firma, afirma que o anúncio da Ambipar revela sinais de instabilidade na companhia e atinge diretamente o acionista. “O fato é que o mercado de capitais no Brasil não tem sido gentil com os acionistas minoritários. Não há sequer tempo de recuperação entre um evento danoso e outro. Os incentivos não são positivos”, afirma.
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Os especialistas apontam os riscos de uma recuperação judicial para investidores. Entre eles, estão a saída da ação de índices da B3, o que pode reduzir a liquidez dos papéis, e a diluição da participação dos acionistas – se houver, por exemplo, emissão de novas ações para pagar dívidas.
Em casos mais graves, de falência, o cenário piora: os acionistas não têm qualquer tipo de prioridade para os pagamentos, recebendo somente após todos os credores.
“Sob a perspectiva do direito societário e do mercado de capitais, os acionistas agora enfrentam severos riscos patrimoniais, o que foi evidenciado pela forte desvalorização das ações e pelo ingresso em leilão especial na B3, como ocorreu hoje”, destaca Terashima, do NHM Advogados.
Diante do cenário de dúvidas, especialistas recomendam cautela aos investidores. Para quem já detém posições em AMBP3, é essencial avaliar o peso desse investimento dentro da carteira.
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“Se a exposição for relevante, reduzi-la pode ser uma estratégia prudente, na minha visão, ainda que implique ter prejuízo agora, pois pode evitar perdas mais expressivas no futuro”, avalia Cristiano Leal, especialista em investimentos, com MBA em Finanças pela Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças (FBNF).
Quem está disposto a correr riscos e deseja manter uma alocação reduzida, pode manter parte da posição, mas deve estar ciente do alto grau de volatilidade e incerteza.
Nos próximos dias, a expectativa é de que a ação siga pressionada. Segundo Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, parte dos investidores que compraram papéis da Ambipar em 2024 pode já ter obtido ganhos relevantes, dado que o ativo acumulou alta de 730% no ano passado.
“Nesse cenário, é natural que alguns investidores optem por realizar os lucros. Esse movimento de venda tende a aumentar a pressão sobre o papel, contribuindo para a queda da sua cotação”, explica.
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Com a tutela cautelar, uma dívida de US$ 119 milhões da firma contra o Santander, que venceria às 14 horas desta quinta-feira (25), já foi suspensa. A instituição, junto com o Bradesco, são os dois bancos mais expostos à Ambipar, com um total de cerca de R$ 600 milhões e R$ 300 milhões em dívidas, respectivamente.
A informação foi antecipada pela Exame e confirmada por fontes próximas à firma ao E-Investidor. Procurados, os dois bancos informaram que não comentam o caso.
Na petição entregue à Justiça, a Ambipar informa ainda que o aditivo em um contrato de empréstimo com o Deutsche Bank no exterior começou a esvaziar o caixa da firma nos últimos dias, com uma saída contabilizada de mais de R$ 200 milhões.
No mesmo documento, a companhia calcula o risco de um rombo de mais de R$ 10 bilhões, levando em consideração que os compromissos monetários da Ambipar contêm cláusulas de vencimento antecipado em caso de inadimplência de qualquer uma de suas dívidas.
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Autor: Beatriz Rocha