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Dia Mundial da Poupança: ainda vale a pena guardar dinheiro na caderneta?

O Dia Mundial da Poupança, celebrado nesta sexta-feira (31), reforça a importância de guardar dinheiro e planejar o futuro. Criada em 1924, durante o 1º Congresso Internacional de Economia, a data busca incentivar o hábito de manter uma reserva financeira, além de ampliar conhecimento sobre outros tipos de investimento.

Com 160 anos de história, a poupança — criada por Dom Pedro II — continua sendo o investimento mais tradicional e popular entre os brasileiros, conhecida pela simplicidade e fácil acesso, inclusive para menores de idade.

Porém, cada vez mais, pessoas estão saindo da caderneta. Somente no mês de setembro, brasileiros retiraram mais de R$ 15 bilhões da poupança, segundo dados mais recentes divulgados pelo Banco Central (BC). Isso se traduz, em parte, por sua rentabilidade.

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Ainda assim, em um país de inadimplência recorde e baixo nível de educação financeira — 55% dos brasileiros afirmam saber pouco (40%) ou nada (15%) sobre o tema, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) —, o Dia Mundial da Poupança surge como um lembrete da importância de começar pelo básico: guardar dinheiro.

Poupança ainda vale a pena?

Embora a poupança continue sendo a opção mais conhecida do brasileiro, os títulos públicos do governo se destacam por oferecer maior rentabilidade, segurança e flexibilidade para quem quer começar a investir.

Quando a Selic (taxa básica de juros) está acima de 8,5% ao ano, a poupança continua rendendo 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Ou seja, mesmo com a manutenção da Selic em um patamar elevado — hoje em 15% ao ano —, o rendimento da poupança permanece praticamente estático, em torno de 0,5% a 0,6% ao mês, sem capturar os benefícios da alta dos juros.

“A poupança rende hoje cerca de 8,4% ao ano, enquanto alternativas igualmente seguras como Tesouro Selic e Certificado de Depósito Bancário (CDB) com liquidez diária entregam entre 12% e 14% líquidos”, pondera Fabricio Tonegutti, especialista em direito tributário pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em um exemplo prático, usando a Calculadora do Cidadão, do BC, uma aplicação de R$ 1.000,00 na poupança renderia R$ 73,31 no período de 12 meses, até esta quinta-feira (30). Já o mesmo valor aplicado na Selic renderia R$ 136,71.

“Poupança não vale a pena nunca […] ela rende uma variação da taxa Selic (quando a Selic é maior, a poupança rende mais, e vice-versa), mas ela vai sempre render menos do que um Tesouro Selic”, exemplifica Marília Fontes, co-fundadora da Nord Investimentos em entrevista ao E-Investidor.

A especialista em renda fixa ainda ressalta que a poupança é garantida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que assegura ao investidor o recebimento de uma quantia de até R$ 250 mil, em situações de calote ou quebra do banco. O Tesouro Selic, por sua vez, conta com a proteção do governo.

Já Tonegutti aponta três situações em que a poupança ainda pode fazer sentido: para valores muito baixos (abaixo de R$ 100), para quem precisa de liquidez imediata e, principalmente, para quem está começando a criar o hábito de poupar. “Nesse caso, o valor é educativo — vale mais desenvolver a disciplina de guardar dinheiro todos os meses do que buscar 2% ou 3% a mais de rentabilidade”, afirma.

Quando é hora de migrar da poupança para outros investimentos?

Para o especialista da FGV, a migração deve acontecer assim que o investidor acumular mais de R$ 1.000 e puder optar pela liquidez de D+1 (dinheiro disponível no dia seguinte) em vez de imediata. “Ou quando você entender que está literalmente deixando dinheiro na mesa ao manter valores maiores na poupança”, brinca.

Entre as opções acessíveis no mercado, estão CDBs de bancos sólidos com liquidez diária, Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), além do queridinho Tesouro Direto.

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No vídeo a seguir, Marília Fontes explica a como investir no Tesouro Selic para sua reserva de emergência, entender as vantagens do Tesouro Prefixado e do Tesouro IPCA+ para proteger os ganhos da inflação e descobrir estratégias para evitar perdas mantendo seus títulos até o vencimento.

Como cultivar o hábito de poupar

Segundo especialistas, a principal prioridade deve ser formar uma reserva de emergência antes de pensar em outros investimentos. A recomendação é guardar o equivalente a pelo menos seis meses de despesas essenciais para quem tem renda fixa, e de nove a 12 meses no caso dos autônomos.

Tonegutti, inclusive, elenca algumas estratégias possíveis:

  • Regra 50-30-20: destine 50% da renda para despesas essenciais, 30% para gastos variáveis e 20% para poupança ou investimentos. Se estiver endividado, use esses 20% inicialmente para quitar dívidas — começando pelas que têm os juros mais altos;
  • Pague-se primeiro: configure uma transferência automática no dia do pagamento, destinando uma porcentagem fixa (comece com 5%) para uma conta de investimentos separada. Por exemplo: quem ganha R$ 3.000 pode guardar R$ 150 por mês — em um ano, serão R$ 1.800 acumulados apenas com disciplina;
  • Regra das 48 horas: para compras acima de R$ 200, espere dois dias antes de decidir. Pergunte-se: eu realmente preciso disso? Posso pagar sem comprometer meu orçamento? Essa compra agrega valor real à minha vida?

O Dia Mundial da Poupança serve, portanto, como um convite à reflexão: mais do que escolher o investimento perfeito, o primeiro passo é desenvolver o hábito de poupar. A educação financeira é o ponto de partida para conquistar estabilidade, independência e liberdade de escolha — seja na poupança, no Tesouro Direto ou em qualquer outro investimento que faça sentido para o seu momento de vida.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Camilly Rosaboni

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