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Fim do aumento de preços? CFO da Irani diz que empresa não quer mais sangrar volumes em troca de rentabilidade

A estratégia de sangrar volumes para aumentar a rentabilidade deu resultado na Irani Papel e Embalagem (RANI3) em 2025, mas ela pode estar com os dias contados. A firma viu seu lucro líquido crescer 5,3% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2024, totalizando R$ 42,1 milhões.

Já a receita líquida de vendas avançou 4,7% na mesma base de comparação, a R$ 433,5 milhões. Enquanto isso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia subiu 15,9%, para R$ 146,2 milhões entre julho e setembro.

“O aumento do nosso top line está relacionado aos reajustes de preços que fizemos. É uma estratégia que a gente colocou em prática e que vem dando resultado, que é privilegiar margens e rentabilidade em vez de volumes. Essa estratégia, é claro, tem limites. Não vamos aceitar perder muito mercado”, explicou Odivan Cargnin, CFO da Irani, em entrevista exclusiva ao E-Investidor. Segundo ele, a participação da companhia no mercado nacional de embalagens caiu cerca de um ponto percentual (de 5% para perto de 4%).

“Já chegamos no limite. Não é a nossa ideia perder mais em market share do que aquilo que a gente já perdeu. Temos que ser assertivos nos segmentos onde a gente atua para poder crescer em cima de uma base de margem saudável e, a partir daí, voltar a ganhar market share”, completou o CFO.

Entre julho e setembro, o volume de vendas de papelão ondulado da Irani caiu 8% sobre igual período, a 42.743 toneladas. Já os preços médios subiram 14,1%, a R$ 6.192 por tonelada. A companhia encerrou o período com uma alavancagem financeira de 2,06x (relação entre dívida líquida e o Ebitda ajustado), ante 2,26x no ano anterior.

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O CFO da Irani explicou a razão de o lucro líquido da firma ter caído 62,5% sobre o segundo trimestre deste ano: “tivemos dois eventos não recorrentes no segundo trimestre, um deles foi um crédito tributário que nós reconhecemos e o outro foi uma avaliação de dois ativos, duas fazendas que compramos, uma no Rio Grande do Sul e outra em Santa Catarina”, disse.

Aparas em alta

Um dos fatores que motivaram a Irani a buscar mais rentabilidade é o preço das aparas (papelão ondulado “usado” que é reciclado e revendido pela companhia). “É um processo de economia circular. Tentamos aproveitar ao máximo esse produto. Imagina a fibra de uma caixa, um dia ela foi uma árvore, virou celulose e depois um papel. Quanto mais conseguimos reciclar, mais evitamos usar a fibra virgem de uma floresta. Do ponto de vista econômico é melhor porque evita o custo de plantio e espera para extração, e também é melhor do ponto de vista ambiental”, explicou.

O executivo disse que o preço das aparas aumentou especialmente no Rio Grande do Sul, estado sede da companhia, uma vez que as enchentes de 2024 reduziram muito o estoque de aparas da região. Com a demanda alta e a ofeta menor, o preço subiu. “Mas já está normalizando, os preços estão caindo”, afirmou.

O corte da Selic esperado para 2026, segundo Cargnin, deve ajudar a firma a avaliar novos projetos de investimentos, entre eles a “Plataforma Neos”, anunciada em junho de 2024, com o objetivo de expandir a base florestal, aumentar a produção de celulose de fibra longa, aumentar a produção de papel para embalagens e expandir a capacidade de produção de papelão ondulado.

Remuneração ao acionista

Sobre proventos, o CFO afirmou que a companhia não deve anunciar dividendos extras em 2025, mas que seu payout já é relevante para os investidores da Irani. A política atual da firma prevê uma distribuição de 25% do lucro líquido por trimestre e, ao final do exercício, se a alavancagem estiver abaixo de 2,5x (o indicador de dívida líquida sobre Ebitda), há uma distribuição adicional de 25%.

“Ou seja, a gente distribui metade do nosso lucro líquido para o acionista, estando a estrutura de capital redondinha, saudável, com alavancagem abaixo de 2,5x. Os outros 50% a gente reinveste no negócio, em projetos com taxas de retorno muito boas, que fazem a firma crescer. A gente entende que este é um ponto equilibrado de política”, afirmou o executivo.

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Cargnin falou ainda sobre o desenvestimento da Irani em sua fábrica “no core” de resinas, o que afetou o número de exportações da companhia, e sobre como o tarifaço de Trump pode ter afetado o mercado de papel e celulose no mundo. Ele comentou também sobre a resiliência do mercado de alimentos, principal cliente da Irani em embalagens. Assista a entrevista completa acima, ou clique aqui.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Anderson Figo

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