Ibovespa hoje busca direção atento à produção industrial no Brasil, inflação da zona do euro e discurso do banco central dos EUA

O primeiro pregão de dezembro começou com o mercado global pisando em terreno movediço. Sinais de aperto monetário no Japão fortaleceram o iene, derrubaram o Nikkei e puxaram os rendimentos dos Treasuries, criando um ambiente de aversão ao risco que contaminou Nova York, já ansiosa pelo discurso de Jerome Powell e por uma bateria de dados de emprego e inflação. A Europa engrossou o coro negativo, pressionada por indicadores industriais fracos. No Brasil, o Ibovespa recuou 0,29%, aos 158.611 pontos, num dia de giro monetário enxuto, ajustes técnicos e escassez de catalisadores locais, apesar do alívio parcial vindo do petróleo e do minério de ferro.

Os ativos domésticos ainda refletiram a leitura do Boletim Focus, que trouxe nova queda nas projeções de inflação, mas sem convencer o Banco Central a mudar seu tom cauteloso. A autoridade monetária manteve o discurso duro, indicando desconforto com a velocidade da desinflação, uma sinalização que empurrou apostas de corte da Selic para março e sustentou a alta dos juros futuros. O dólar, por sua vez, avançou 0,46%, a R$ 5,36, acompanhando o movimento global de fortalecimento da moeda americana. Com isso, o primeiro dia útil do mês terminou travado entre expectativas e um humor internacional pouco colaborativo.

Para esta terça-feira (2) o pregão começa sob a influência de um cardápio robusto de indicadores, capaz de dar direção a um mercado que ainda digere o tom defensivo da véspera. No Brasil, o dado de produção industrial de outubro tenta capturar alguma tração doméstica num cenário em que a atividade tem oscilado entre surpresas e decepções. Lá fora, a zona do euro divulga oa taxa anual de inflação ao consumidor (CPI preliminar) e a taxa de desemprego, enquanto autoridades do Banco Central Europeu participam de eventos que podem oferecer pistas sobre a rota dos juros, tudo isso compondo um pano de fundo que tende a calibrar o humor global.

Nos Estados Unidos, a atenção recai sobre o testemunho de Michelle Bowman no Congresso, sempre capaz de tensionar as expectativas de política monetária em meio à sensibilidade dos mercados aos sinais vindos do Fed. Com commodities no radar e uma agenda internacional carregada, o Ibovespa inicia o dia entre a cautela e a possibilidade de retomada, aguardando que algum dos dados do turno da manhã ofereça narrativa ou direção para romper a letargia do início de dezembro.

Fonte: Broadcast, Dow Jones Newswires e FactSet