Minoritários da Oncoclínicas recorrem à Justiça dos EUA para intimar Goldman Sachs sobre o IPO de 2021

A Associação Brasileira de Investimento, Crédito e Consumo (Abraicc), que representa acionistas minoritários da Oncoclínicas, entrou nesta segunda-feira (3) com um pedido na Justiça de Nova York para intimar o Goldman Sachs a prestar informações sobre sua participação na companhia durante o IPO realizado em 2021.

O grupo alega que o prospecto da oferta, conduzida pelo banco americano, informava que o Goldman detinha 94% do capital da firma, sem menção à gestora americana Centaurus Capital, que mais tarde comprou 16% da Oncoclínicas. Segundo a Abraicc, a operação poderia ter acionado a cláusula do estatuto que obriga uma oferta pública de aquisição (OPA) para novos acionistas que ultrapassem 15% de participação.

A entidade afirma que pretende usar as informações em uma futura ação coletiva no Brasil, que questionaria se as informações divulgadas no prospecto foram corretas. O caso foi protocolado no tribunal federal de Manhattan sob a lei americana que permite pedidos de provas para uso em processos estrangeiros.

O pedido não afeta diretamente a Oncoclínicas, mas reacende uma disputa societária que teve seu auge em 2024. Na ocasião, a gestora Latache Capital, então acionista minoritária, e a própria Abraicc questionaram se a transferência de ações do Goldman para a Centaurus deveria ter gerado uma OPA — já que, até então, a gestora americana não aparecia no quadro societário da companhia.

O Goldman Sachs sustentou que a Centaurus já possuía participação indireta desde 2018 por meio dos fundos Josephina I, II e III, o que a isentaria da obrigação. Desde então, a Latache e a Oncoclínicas pacificaram a relação: a gestora passou a integrar o bloco de referência e participa da reestruturação societária da firma.

Na B3, as ações da Oncoclínicas caíram até 2,8% nesta segunda-feira, cotadas a R$ 5,46. No acumulado do ano, os papéis recuam 6,3%, enquanto o Ibovespa sobe cerca de 25%.