Mudanças na Previ: Fukunaga renuncia e Márcio Chiumento assume o maior fundo de pensão do país

O presidente da Previ, João Luiz Fukunaga, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (17) após quase dois anos à frente do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Ele assumirá a diretoria de Relações Governamentais e ASG da EloPar, holding controlada por BB e Bradesco que cuida dos cartões Elo e Alelo.

À frente do maior fundo de pensão do país, que administra cerca de R$ 270 bilhões em ativos, Fukunaga acelerou a estratégia chamada de “imunização do passivo”, reduzindo a exposição da Previ em ações de 32% para 18% — cerca de R$ 30 bilhões migraram para renda fixa.

A política, voltada a garantir liquidez e previsibilidade nos pagamentos das pensões, marcou o fim do ciclo em que a fundação atuava como acionista controladora de grandes companhias, como Vale e Neoenergia, conforme mostrou recentemente o InvestNews.

A renúncia ocorre após meses de desgaste político, acentuados desde abril, quando o TCU abriu uma auditoria para apurar o déficit registrado em 2024 — depois revertido. O tribunal mencionou “indícios de irregularidades” na queda de rentabilidade do Plano 1, o principal da fundação, que administra R$ 233 bilhões e reúne 106 mil participantes. Com a recuperação dos mercados, o plano voltou ao azul e acumula superávit de R$ 1,48 bilhão até agosto.

A chegada de Fukunaga à presidência, em 2023, havia sido patrocinada pela então presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e sofreu resistência de parte do mercado e do funcionalismo pela sua origem sindical. Formado em História e ex-dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, foi o primeiro sindicalista a comandar a Previ desde 2010.

Para o seu lugar, o Banco do Brasil indicou Márcio Chiumento, atual diretor de Participações. Funcionário de carreira do banco desde 2000, é formado em direito e possui MBA em Negócios monetários pela UFRGS. Já ocupou cargos como ouvidor-geral do BB e head de Clientes, Estratégia e Produtos do segmento Setor Público. Atualmente, integra o conselho de administração da Neoenergia e é vice-presidente do conselho da Tupy.

Com sua promoção, Adriana Chagastelles assumirá a diretoria de Participações, tornando-se a primeira mulher indicada pelo Banco do Brasil a ocupar um cargo executivo desse nível na fundação.