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O ano dos ETFs: após o boom em 2025, o que esperar para 2026

Se produtos de investimento fossem pessoas, um deles teria todos os motivos para abrir um champanhe: os ETFs, fundos negociados na bolsa que replicam o desempenho de índices do mercado.

Chegaram 60 novos ETFs no mercado em 2025. Um aumento feroz, que elevou a oferta total para 160 e ajudou a engordar o patrimônio dessa classe. Até novembro, data dos dados mais recentes da Anbima, ele tinha alcançado R$ 69,6 bilhões; 50% mais do que os 46,4 bilhões no final do ano passado.

Trata-se de um boom, após um período de relativa estagnação entre 2019 e 2024. Veja aqui:

E por que isso aconteceu? Justamente pelo lançamento de mais índices e mais fundos – e uma boa dose de instituições financeiras batendo o bumbo para chamar a atenção do investidor para esse tipo de fundo. Deu certo.

Um ETF é um fundo passivo, quer dizer, apenas segue um índice de mercado. Como não há um time escolhendo as ações, as taxas são menores. E mesmo assim boa parte deles tende a bater os fundos de gestão ativa no longo prazo. Em muito casos, então, ganha-se mais pagando menos.

Como funciona: primeiro, cria-se o índice; só depois, o ETF. O mais negociado e conhecido é o BOVA11 que replica o desempenho do Ibovespa e foi criado pela gestora BlackRock.

A história de seguir um índice continua, mas a ideia de “passividade” dos ETFs vem mudando, justamente porque novos índices começaram a surgir com características mais complexas – uma tendência que deve crescer de 2026 em diante.

Quem diz é o presidente da B3, Gilson Finkelsztain. “Não queremos ver o vigésimo ETF de Ibovespa lançado”, disse ele, durante evento da bolsa no mês passado. “Vimos neste ano ETFs de renda fixa, ouro, China, Argentina, tecnologia…”

Pagadores de dividendos

Um tipo relativamente novo de ETF, e que vem ganhando mais adeptos, são os que pagam dividendos. Num ETF normal, o gestor do fundo só compra todas as ações na proporção do índice e reinveste. Nesses outros, o dinheiro vai direto para a conta, como se vosse estivesse num fundo imobiliário.

Os primeiros nessa linha foram o NDIV11, da Nu Asset, e o DIVO11, da Itaú Asset. A gestora do Nubank e a do Itaú também têm as versões “normais” desses ETFs, ou seja, que reaplicam o proventos: o DIVD11 e o NSDV11

Os ETFs da Itaú Asset acompanham os IDIV, o mais tradicional índice da B3 entre os que agregam as pagadoras frequentes de diviodendos da bolsa.

Os da Nu Asset seguem outro, o Ibovespa Smart Dividendos. Ele é um pouco diferente do IDIV porque seleciona somente papéis do Ibovespa (e não da bolsa toda) e considera um prazo maior, de 6 anos, para definir quais são as maiores pagadoras (no IDIV são 3 anos).

Em outras palavras, estamos falando aqui das firmas com maior dividend yield (DY). Para entender rapidamente: é o lucro obtido com o pagamento do dividendo. Se uma ação custa R$ 10 e ela pagou R$ 0,80 em dividendos nos últimos 12 meses, o DY é 8% ao ano – é o lucro com a renda que a ação proporciana.

Com os ETFs que distribuem dividendos, essa renda pinga direto na conta. Mas não existe provento grátis. O seu ganho de capital, seu “saldo” no ETF, acaba crescendo menos, claro.

Um exemplo simples. Vamos pegar os dois ETFs da Nu Asset – porque ambos foram lançados juntos, com uma série histórica 100% comparável. Desde o começo do NDIV11, em setembro de 2023, o DY acumulado foi de 18,6%. Quem aplicou R$ 10 mil recebeu R$ 1.860 em rendimentos no período.

Ok. Mas isso teve o seu preço. A valorização das cotas do NDIV11 foi menor do que o NSDV11, seu irmão gêmeo que reinveste os dividendos. Em setembro de 2023, no lançamento, uma cota dos dois ETFs custava R$ 100. Hoje, a cota do NDIV11 vale R$ 121,70. E a do NSDV11 vale R$ 144,48.

R$ 10 mil investidos no NDIV11 se transformaram em R$ 14.030. Isso porque o investidor colheu R$ 12.170 de valorização na cota, além dos R$ 1.860 em dividendos pagos.

Ok. No NSDV11, o ganho foi maior: R$ 14.448 – só em ganho de capital, já que tudo é reinvestido.

A diferença de R$ 418 mostra a vantagem do reinvestimento automático. Como os dividendos são reinvestidos, a máquina dos juros compostos opera a seu favor: você passa a ter direito a mais proventos ao longo do tempo.

Ainda assim, a preferência do público é pelo dinheiro pingando na conta. O NDIV11, que paga proventos, tem 17,8 mil cotistas; o NSDV11, que reinveste, conta com bem menos: 6,2 mil.

Híbridos

Além de ETFs pagadores de dividendos, agora começam a chegar no mercado os híbridos. Como o nome sugere, eles mesclam classes de ativos diferentes entre si. O precursor dessa tendência é o GOAT11, da Itaú Asset, lançado em maio.

O fundo tem 80% de exposição à renda fixa, via títulos públicos atrelados ao IPCA (o Tesouro IPCA+), e 20% à renda variável, com as 500 ações mais negociadas do mercado americano (as que fazem parte do índice S&P 500).

Na parte de renda fixa, apesar do rótulo, nada é “fixo”. Esses papéis oscilam de preço conforme as expectativas para a Selic: quando o mercado projeta queda dos juros, eles se valorizam; quando espera alta, perdem valor. Hoje o cenário é relativamente favorável ao IPCA+. O IMA-B (índice que reflete o movomento desses títulos) avança 11% no ano. Com isso, a parcela de 80% títulos públicos dá a principal contribuição para o desempenho do ETF hoje, mostrando que a renda fixa pode gerar retornos expressivos quando o ciclo joga a favor.

Os 20% restantes estão no S&P 500, o que adiciona bolsa americana e câmbio à equação. O índice sobe 18% lá fora neste ano, mas a queda de 10% do dólar frente ao real reduz o ganho para 6% em reais.

No conjunto, o GOAT11 se beneficia fortemente do movimento dos títulos públicos e tem um impulso mais moderado da parte internacional, resultando em um retorno próximo de 10% na conta final. É pouco para um cenário com Selic a 15%, mas num cenário de queda de juros o IMA-B tende a superar a Selic, e o dólar ganha força. Caso 2026 traga essas duas variáveis, bom para o GOAT11.

ETFs Smart

Os ETFs smart beta querem um pouco de dois mundos. O beta, que é basicamente o retorno de um índice, como o Ibovespa, e a parte smart diz respeito a selecionar as ações. É como ter, no mesmo produto, a gestão passiva com algo que remete à gestão ativa.

Como? Num ETF comum, como os que replicam o Ibovespa, as ações entram na carteira basicamente pelo tamanho das firmas na bolsa: quanto maior o valor de mercado, maior o peso no índice.

Nos smart beta, a lógica muda. Em vez de comprar “o mercado como ele é”, esses ETFs seguem índices construídos a partir de fatores, quer dizer, características mensuráveis das ações que influenciam seu comportamento ao longo do tempo, como sensibilidade às oscilações do mercado ou histórico de dividendos.

É nesse contexto que aparecem os ETFs de volatilidade, que tentam moldar a experiência do investidor dentro da bolsa. O BVBR11, da Investo, e o LVOL11, da Nu Asset, reúnem ações de menor volatilidade do Ibovespa, papéis que historicamente flutuam menos e tendem a oferecer uma trajetória mais estável em períodos turbulentos.

Do outro lado está o HIGH11, também da Nu Asset, que faz o caminho inverso. Ele seleciona as ações mais voláteis do índice, que costumam subir e cair mais do que a média. Em ciclos de alta, isso pode se traduzir em ganhos mais fortes; em momentos de queda, por outro lado, as perdas também tendem a ser mais intensas.

A Investo também trouxe propostas dentro desse grupo, como o SCVB11, que combina small caps brasileiras com o fator valor, que é basicamente buscar as ações que estão mais baratas em relação aos lucros que as firmas do Índice Small Caps proporcionam. E tem ainda o SVAL11, com a mesma ideia, mas para as pequenas e médias firmas americanas.

E temos aí uma variedade cada vez mais rica. Mas ainda falta muito arroz com feijão para a indústria local de ETFs chegar perto do que acontece lá fora. Nos EUA, o patrimônio desses fundos está em US$ 1,4 trilhão. E só neste ano foram mais de mil deles estrearam na bolsa americana. 

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Juliana Machado

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