Pix faz 5 anos: da revolução nos pagamentos às fraudes, entenda como ele molda o futuro do dinheiro
O Brasil comemora os cinco anos do Pix neste domingo (16). Lançado em 16 de novembro de 2020, o sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central (BC) se transformou rapidamente em uma das maiores inovações financeiras da história do País. De ferramenta gratuita e disponível 24 horas para transferências, tornou-se um mecanismo que reorganizou a forma como os brasileiros lidam com dinheiro: no cotidiano, nos negócios e até na relação com o mundo digital.
Alex Hoffmann, CEO da PagBrasil e especialista em pagamentos digitais, resume bem essa mudança de paradigma. Segundo ele, a geração mais jovem “talvez nem lembre como funcionavam DOC e TED”, que dependiam de horário bancário, tinham tarifas elevadas e exigiam planejamento. Antes do Pix, dinheiro vivo e cartão de crédito dominavam as rotinas de pagamento.
“O Pix mudou tudo: transformou o pagamento em algo instantâneo, simples e universal”, afirma.
Ele destaca que a principal transformação foi cultural: o uso massivo para micropagamentos, que tornou comum liquidar pequenos valores na hora, sem agendamento e sem burocracia. “É um ganho de eficiência incrível para as pessoas, firmas e, consequentemente, para o País”, completa.
Os dados oficiais de 2025, disponibilizados pelo BC, confirmam a revolução social. Somente em outubro, foram 7.271.603 transações realizadas em formato Pix. Além disso, o BC registrou um total de R$ 3.317.545,00 em valor de operações.
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A massificação trouxe novos desafios. Hoffmann explica que, com um sistema utilizado por 93% da população adulta, a responsabilidade dos participantes naturalmente aumentou.
“Essas regras melhoram a qualidade do ecossistema porque reduzem o risco inerente de um sistema com participantes tão diversos”, diz, ao comentar o endurecimento regulatório recente. Para o usuário, ele ressalta, o objetivo é reforçar a segurança sem comprometer a experiência. “É natural que validações extras apareçam, mas isso faz parte da evolução de qualquer infraestrutura massiva.”
A segurança se tornou, segundo ele, um ponto sensível justamente porque o Pix virou alvo de golpes e engenharia social. Hoffmann considera que o Banco Central está no caminho certo ao exigir mais transparência, mas alerta que a regulação não pode engessar a inovação.
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“O Pix só chegou onde chegou porque o Banco Central ofereceu a infraestrutura e deixou o mercado criar soluções em cima. Se as regras ficarem pesadas demais, firmas menores não conseguirão testar ideias novas.”
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Mesmo diante das tensões regulatórias, o ecossistema continua avançando. Para Hoffmann, o Pix Automático é a inovação mais promissora do momento. Ele destaca que 60% dos brasileiros de baixa renda não têm cartão de crédito – e, ao permitir pagamentos recorrentes sem cartão, o Pix abre um novo mercado.
“Ele oferece jornadas flexíveis, dá controle total ao usuário e reduz riscos comuns ao cartão”, explica. Sua aposta é clara:
“2026 será o ano em que o Pix Automático deve se consolidar como padrão de mercado para pagamentos recorrentes.”
Ele também classifica o Pix Garantido como potencialmente disruptivo, ao possibilitar antecipação de recebíveis fora do ambiente de cartões e modelos de parcelamento sem juros financiados pelo lojista.
No comércio eletrônico, o impacto se mostra igualmente profundo. Com liquidação imediata, lojas passaram a ter mais previsibilidade de caixa e menos dependência de antecipação de cartão.
Hoffmann cita a evolução de jornadas como o Pix com 1-Click, do PagBrasil, que permite confirmar o pagamento sem abrir o aplicativo do banco, como exemplo de como a experiência digital continua a se aprimorar. Para ele, uma “nova onda de impacto” deve vir justamente com o avanço do Pix Automático no e-commerce.
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Pix fora do Brasil: sonho ou realidade?
Embora o Pix tenha nascido no Brasil, sua projeção já alcançou o cenário internacional. Alex Hoffmann, CEO da PagBrasil, relata que, em conversas com estrangeiros, o que mais causa surpresa é a “combinação de escala, velocidade e coordenação institucional”.
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Eles se impressionam com o fato de o brasileiro praticamente ter abandonado o dinheiro físico (algo incomum no exterior) e com o avanço da internacionalização. O executivo cita o caso de turistas asiáticos que já conseguem pagar via Pix em outros países por meio de carteiras digitais conectadas à rede global criada pela PagBrasil.
“É uma infraestrutura que está costurando sistemas de pagamentos instantâneos ao redor do mundo”, observa.
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Para os próximos cinco anos, o especialista enxerga duas grandes forças moldando o futuro: automação e internacionalização. Na visão dele, cartões seguirão relevantes, mas com participação cada vez menor, enquanto conectores e hubs globais permitirão que o Pix deixe de ser apenas brasileiro para se tornar parte de um ecossistema mundial. Paralelamente, a fusão entre Open Finance e inteligência artificial (IA) deve impulsionar experiências mais automatizadas.
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Neste 16 de novembro de 2025, o dos cinco anos do Pix, o meio de pagamento apresenta um conjunto de funcionalidades que vão muito além das transferências instantâneas que marcaram seus primeiros meses. O sistema criado pelo Banco Central se tornou uma plataforma completa de pagamentos, com regras próprias, modalidades específicas e um ecossistema que evolui rapidamente, acompanhando tanto as necessidades dos usuários quanto o avanço da regulação.
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Autor: Isabela Ortiz