Plano 2026–2030 da Petrobras frustra expectativa de dividendos extras: veja o que bancos recomendam para PETR4
A queda do petróleo no mercado monetário internacional deve obrigar investidores da Petrobras (PETR4) a se contentar com o pagamento regular de proventos nos próximos cinco anos. No novo plano estratégico, divulgado nesta quinta-feira (27), a estatal evitou sinalizar qualquer possibilidade de dividendos extraordinários e decidiu apresentar apenas a projeção de distribuição de US$ 45 bilhões a US$ 50 bilhões para o período de 2026 e 2030.
A escolha reflete o cenário desafiador que a estatal enfrenta com a queda de 15% do preço do petróleo Brent em 2025. Para Gabriel Uarian, analista da Cultura Capital, a projeção da Petrobras demonstra uma postura conservadora da companhia diante das condições econômicas atuais e reforça o compromisso da firma em dar prioridade ao balanço monetário, em detrimento de uma rentabilidade elevada.
“Não é difícil entender a escolha: com o preço do petróleo 20% abaixo das premissas do plano anterior, a diretriz de aprovar projetos somente se forem rentáveis a US$ 45/barril impõe realismo”, destaca Uarian.
Porém, a ausência de dividendos extraordinários não agradou os investidores, especialmente aqueles que já possuem os papéis da petroleira na carteira. No início da tarde do pregão desta sexta-feira (28), as ações da estatal sofriam queda de 2,60% nos papéis ordinários (PETR3) e de 2,47% nos preferenciais (PETR4).
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A queda, contudo, pode sinalizar uma oportunidade de entrada para os investidores que não têm posição na companhia ou para aqueles que pretendem realizar novos aportes por acreditar na capacidade de geração de renda passiva pela petroleira.
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“Para o investidor que deseja iniciar, ou aumentar posição no papel, ainda o entendemos como um bom investimento. Acreditamos que com uma eventual melhora nos preços do Brent, a firma deve retomar os dividendos extraordinários”, diz Borges.
A estimativa de dividendos de até US$ 50 bilhões deve gerar um rendimento anual entre 10% a 12%, segundo analistas. No entanto, a Genial Investimentos traz alerta para as estimativas de preço adotadas pela Petrobras em seu plano estratégico. Segundo a corretora, os números podem estar um pouco acima das projeções do mercado, o que levaria a impacto no desempenho monetário da firma nos próximos cinco anos.
Para 2026, a estatal considera o preço do barril da commodity de US$ 63 a US$ 70 para os anos de 2027 a 2030, enquanto a curva futura do Brent indica alta gradual para US$ 68 entre 2025 e 2030. Com o petróleo mais barato, o desempenho monetário da Petrobras tende a cair.
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“Considerando as informações da própria apresentação, a geração de caixa anual da firma seria US$ 5 bilhões/ano menor caso preço do petróleo seja US$ 10/barril menor em comparação às estimativas consideradas pela firma – o que não vemos como impossível, tendo em vista a fraqueza dos preços da commodity na realidade de mercado atual”, diz Vitor Sousa, analista da Genial Investimentos, em relatório publicado nesta sexta-feira (28).
Plano estratégico sem grandes surpresas
O plano estratégico 2026-2030 não trouxe grandes surpresas para o mercado e veio em linha com as expectativas de analistas. Além dos dividendos de até US$ 50 bilhões, a estatal sinalizou desembolso de US$ 109 bilhões em investimentos, (capex) volume 1,8% inferior na comparação com o plano atual.
Vale lembrar que, mesmo antes da divulgação oficial, o mercado já antecipava a redução do capex da petroleira. O Itaú BBA projetava um corte de 4,5% na soma prevista para os próximos cinco anos, para US$ 106 bilhões. Já a Ágora Investimentos trabalhava com um valor ainda menor, de US$ 98 bilhões.
“O plano foi bem recebido por estar dentro do esperado: técnico, realista e financeiramente equilibrado, sem grandes apostas ou mudanças de rota, algo que, no atual contexto de preços mais baixos e transição energética gradual, foi visto como sinal de estabilidade”, diz Fabio Murad, CEO Spacemoney Investimentos.
Já o BTG Pactual pontua que o plano evidencia uma situação financeira mais desafiadora para a Petrobras devido ao cenário de queda do preço do petróleo Brent, especialmente no curto prazo. Isso porque, segundo o banco, a projeção de investimentos para 2026 e 2027 veio acima das expectativas.
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“O mercado esperava que o pico desse investimento ocorresse em 2026, mas a Petrobras indica que (nova plataforma) Búzios levará o pico para 2027″, escreveram os analistas Bruno Henriques e Gustavo Cunha. Ainda assim, o BTG recomenda compra dos papéis com um preço-alvo de R$ 44.
A Genial Investimentos, por sua vez, recomenda manter posição em Petrobras (PETR4) mesmo sem a perspectiva de dividendos extraordinários e estima preço-alvo de R$ 44 para as ações preferenciais, o que representa potencial de valorização de 36% em comparação ao fechamento de quinta-feira (27). A Nord Investimentos também possui recomendação neutra, mas destaca preferência por outras ações do setor, como a Prio (PRIO3).
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Autor: Daniel Rocha
