Por que o ASA vê espaço para um Ibovespa a 300 mil pontos em dois anos
O otimismo está ditando a alocação dos portfólios geridos pelo ASA, instituição financeira fundada por Alberto Safra. Depois de um 2025 bastante positivo para ativos de risco no Brasil graças a um maior fluxo de investimentos internacionais, uma tendência global de queda do dólar e os ciclos de afrouxamento monetário nas economias desenvolvidas, 2026 pode ser ainda melhor.
Por aqui, há também o gatilho adicional das eleições presidenciais marcadas para outubro do próximo ano.
Rogerio Freitas, head de investimentos do ASA, explica que os primeiros trimestres devem trazer a continuidade do movimento positivo que está impulsionando o Brasil e fez o Ibovespa alcançar inéditos 161 mil pontos. Depois, na virada do semestre, a pauta eleitoral deve começar a fazer preço, o que dificulta o trabalho das projeções graças ao que o executivo chama de “cenário binário”; um evento com desfechos muitos distintos entre si.
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Mas o otimismo da casa para 2026 está baseado no entendimento de que nenhum dos dois cenários é tão ruim para o Brasil, ainda que um deles possa trazer uma mudança de nível de preços dos ativos de longa duração tão grande que é “difícil de vislumbrar”, nas palavras do head.
Trata-se da possibilidade de que as eleições levem a uma mudança na condução de política econômica no País, com foco maior no controle dos gastos públicos e do crescimento da dívida. Na Faria Lima, essa expectativa está materializada na possibilidade de uma vitória da direita ou centro-direita em 2026, especialmente na figura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Para o head, há alguns indícios de que a sociedade brasileira está começando a ter disposição para discutir o grande “calcanhar de Aquiles” do Brasil, o crescimento do gasto público. E isso poderia impulsionar uma candidatura de direita que se comprometesse com a questão fiscal.
“Se isso acontece, com medidas para frear o crescimento do gasto público e reformas, a taxa de juro real pode cair até 6 pontos e a Bolsa deveria se valorizar 100%. Estamos falando de um Ibovespa a 300 mil pontos em um ou dois anos”, diz Freitas.
Ao contrário do que algumas casas têm ventilado, o ASA não vê um cenário catastrófico caso não haja uma mudança na condução de política econômica do País – nas entrelinhas das falas do mercado, isso significa dizer na possibilidade de reeleição do presidente Lula (PT) ou vitória de outro candidato de esquerda ou centro-esquerda.
Para os gestores, o cenário externo continua a ser o principal gatilho positivo para emergentes, como já aconteceu em 2025. O Brasil entra no balaio do otimismo global, com continuidade dos cortes de juros nos Estados Unidos e crescimento modesto das economias pelo mundo ajudando a sustentar maior fluxo de investimentos para mercados além dos EUA. “A economia americana deve crescer até mais do que o mercado imagina, com investimentos em inteligência artificial e infraestrutura continuando a impactar de forma relevante o crescimento. Os emergentes podem continuar a se beneficiar desse cenário”, afirma Charles Ferraz, head global de investimentos do ASA.
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Se nada mudar no exterior, a diferença que os resultados das eleições poderiam gerar é se os ativos brasileiros vão se sobrepor aos pares ou ficar um pouco para trás. “O externo é muito potente e pode amortecer uma piora de Brasil mesmo no cenário negativo, sem mudar a política fiscal. É uma assimetria muito positiva”, completa Freitas.
O ASA começou em 2020 como gestora de fundos, mas expandiu a atuação para o wealth management, direcionado ao investidor de alta renda e firmas. Na gestão de fortunas, o foco está mais em preservar o patrimônio das famílias do que em capturar a maior trend de valorização do momento.
Por isso, o ativo preferido dos executivos não são ações, ainda que ganhariam em um cenário de mudança de política econômica. O investimento mais promissor, segundo eles, são as NTN-Bs (o Tesouro IPCA+), melhores nos dois resultados do “evento binário”.
“O carrego atual de 7,5% de juro real das NTN-Bs é muito bom. É um ativo que vai bem na mudança de política econômica, porque o fechamento das taxas valorizaria os títulos, mas também protege na continuidade do cenário atual”, explica Freitas.
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Desde julho e agosto, o ASA vem aumentando a exposição a risco dos portfólios, diminuindo a parcela de renda fixa pós-fixada para aumentar a alocação em NTNB-s longas, Bolsa e multimercados. O plano agora é ir acelerar os aportes em ações à medida que haja maior visibilidade em relação à disputa eleitoral.
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Autor: Luíza Lanza