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“Seu filho deve pensar que você tem menos dinheiro do que realmente tem”, diz influenciador Papai Financeiro

Dia das crianças e educação financeira podem andar juntos em um país com 78,2 milhões de inadimplentes, segundo os dados mais recentes do Serasa. Nesse sentido, ensinar os filhos a lidar com dinheiro desde cedo se torna uma poderosa ferramenta para mantê-los fora desta alarmante estatística ao construir hábitos monetários que farão a diferença no futuro deles. Assim diz o influenciador Thiago Godoy, conhecido pelo seu perfil nas redes sociais: Papai monetário.

Na visão do influencer, a educação financeira forma pessoas menos consumistas – e endividadas anos lá na frente. Tanto que entre as principais “leis” do Papai monetário está a de dizer “não” à garotada ao invés de dar tudo que ela quer, pois a falta de limites pode inflar a realidade orçamentária dos pais para os pequenos.

“O seu filho deve pensar que você tem menos dinheiro do que realmente tem. Muitos pais caem na armadilha de dar ao filho o que não tiveram e têm dificuldade em dizer ‘não’. Isso faz com que a criança crie uma percepção irreal sobre a condição financeira da família”, diz Godoy, em entrevista ao E-Investidor.

Para ele, a criança que recebe educação financeira se torna um adulto com menor tendência ao endividamento e maior capacidade de tomar crédito a taxas mais baixas. No entanto, o caminho para chegar nesse patamar é árduo, pois exige planejamento e transparência dos pais com os filhos, além do cuidado para que o jovem não se torne exageradamente apegado ao dinheiro.

“A educação financeira deve ser saudável a ponto de fazer a criança entender que é importante poupar para chegar a um objetivo e que o dinheiro é apenas o meio, uma ferramenta, e não o fim do processo”, explica Godoy.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista especial com o Papai monetário realizada para esse dia das crianças.

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E-Investidor — Como os pais devem educar seus filhos financeiramente?

Thiago Godoy (Papai monetário) — O primeiro passo consiste em compreender que a criança não nasce sabendo o valor do dinheiro. Na psicologia, existe um conceito chamado processo de socialização econômica, que descreve o momento em que a criança aprende não apenas sobre a materialidade do dinheiro, mas também seus significados e códigos. Durante esse processo, ela observa e absorve as experiências dos pais.

Se a família mantém uma relação saudável e equilibrada com o dinheiro, a criança tende a desenvolver uma visão positiva sobre ele.

Por outro lado, se as finanças familiares são caóticas, a criança provavelmente normalizará esse comportamento e criará crenças negativas em relação ao dinheiro. Por isso, é essencial demonstrar uma boa relação com as finanças e ensinar os conceitos básicos desde cedo.

É importante mostrar que o dinheiro não nasce do caixa eletrônico nem vem do cartão de crédito, mas do trabalho, que, além de garantir renda, traz experiências significativas para a vida.

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Existe uma idade apropriada para começar a trabalhar a educação financeira com as crianças?

Há oportunidades em várias fases. A partir dos três anos, a criança já consegue compreender o que é o dinheiro. Nessa etapa, os pais podem introduzir um cofrinho transparente e atividades simples como contar moedinhas, para que ela entenda o dinheiro como um meio de troca.

Entre 7 e 10 anos, os pais podem abordar temas como escolhas e prioridades, como comprar um tênis ou um brinquedo. Nessa fase, a semanada – quantia em dinheiro distribuída por semana – é útil para a criança aprender a administrar o próprio dinheiro por curtos períodos. Também é interessante introduzir metas e um pote para economias, mantendo o uso do dinheiro físico para reforçar noções de quantidade e valor.

A partir dos 11 anos, já é possível introduzir a mesada, mostrando a importância de administrar o dinheiro ao longo do mês. Por volta dos 14 anos, o adolescente pode compreender juros compostos e começar a aprender sobre investimentos, podendo até ter uma conta em banco ou corretora para iniciar pequenos aportes.

Como os pais devem reagir se a criança gastar todo o dinheiro da semanada ou da mesada antes do prazo?

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O principal objetivo da mesada é permitir que a criança aprenda a lidar com a própria vida financeira. A semanada e a mesada devem servir para que ela gerencie o próprio dinheiro e faça escolhas. É natural que, no início, a criança cometa erros e gaste tudo de uma vez.

Nesse caso, os pais não devem repor o dinheiro. Essa experiência ensina a importância do controle e da preservação dos recursos para as próximas semanas ou meses. Os pais também podem propor metas de poupança caso a criança deseje um item mais caro. No entanto, os pais precisam evitar a ideia de que o dinheiro deve ser guardado apenas para acumular.

Por quê? 

Quando a criança aprende apenas a acumular, ela perde o sentido do dinheiro como uma ferramenta e pode desenvolver apego. O ato de poupar precisa ter um propósito, como comprar um brinquedo ou um videogame.

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O aprendizado vem da experiência: guardar o dinheiro por um ano e conquistar algo desejado ensina mais do que o próprio objeto adquirido. O foco deve ser enxergar o dinheiro como um meio de aquisição e não como um fim.

Você citou que a adolescência é o melhor momento para introduzir o tema investimentos. Quais deles  os pais devem trabalhar com os filhos?

A educação financeira é um processo de longo prazo. Até os dez anos, os pais precisam transmitir a ideia de paciência. Para isso, podemos usar o exemplo do pé de feijão, que ajuda a ilustrar o crescimento gradual das coisas. Aos 11 anos, esse mesmo exemplo pode ser aplicado ao dinheiro: se você poupa hoje, ele cresce amanhã. Tal conceito básico deve ser transmitido nessa fase.

aos 14 anos, é possível introduzir os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Tesouro Selic e outras modalidades de renda fixa. Nesse ciclo, o ideal é trabalhar com investimentos de curto e médio prazo, de liquidez diária. Temas como aposentadoria ou faculdade ainda podem parecer distantes e abstratos. Assim, metas de um ou dois anos são mais eficazes.

O Brasil é um país desigual e com renda mensal média de R$ 3.488, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como as famílias de baixa renda podem ensinar educação financeira para as novas gerações?

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Independentemente da classe social, o ponto principal é ensinar a valorizar o dinheiro. Muitos pais caem na armadilha de dar ao filho o que não tiveram e têm dificuldade em dizer ‘não’. Isso faz com que a criança crie uma percepção irreal sobre a condição financeira da família. O seu filho deve pensar que você tem menos dinheiro do que realmente tem.

No entanto, com as redes sociais, essa distorção se intensifica: crianças e adolescentes podem sonhar com padrões de vida de influenciadores, os quais podem ser inalcançáveis. Nesse contexto, os pais precisam reforçar a importância do estudo, da paciência e da perseverança. A criança precisa compreender que resultados exigem tempo e esforço.

Trabalhar esses pontos de crescimento no longo prazo é a melhor forma de promover educação financeira para as crianças.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Bruno Andrade

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