Drex: como o real digital declinou no BC de Galípolo e o que pode acontecer agora
A partir da próxima segunda-feira (10), o Banco Central (BC) pretende desativar a plataforma blockchain que serviria de infraestrutura para o Drex, o real digital, após o modelo não alcançar os padrões de privacidade e segurança esperados. Segundo informações do Broadcast, o anúncio foi feito por membros do BC para participantes do projeto-piloto na terça-feira (4) durante reunião sobre a fase 2 do Drex.
Procurada, o Banco Central não respondeu ao nosso pedido de posicionamento sobre os próximos passos do Drex. Reforçamos que o espaço segue aberto.
Em agosto deste ano, a autarquia monetária já havia anunciado que o projeto não iria mais se dedicar em desenvolver a sua própria blockchain, denominada como DLT (Distributed Ledger Technology), devido à complexidade da tecnologia. Por isso, a fase 3 do projeto deve se concentrar apenas no uso de ativos digitais como garantias em operações de crédito. As discussões dessa fase estão previstas para começarem no início do ano que vem.
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O recuo do BC quanto ao uso da tecnologia, porém, amplia espaço para o mercado criar as suas próprias soluções, sem a participação efetiva do órgão regulador. Ou seja, a indústria deve criar diferentes iniciativas que irão competir, no curto prazo, o mesmo espaço.
“Como a infraestrutura do BC não foi disponibilizada, caberá à indústria se coordenar para criar suas próprias soluções”, disse Fabrício Tota, vice-presidente do Mercado Bitcoin (BC), em entrevista ao Broadcast.
A criação do Drex
A criação do Drex iniciou em 2023 com a tentativa do BC replicar o sucesso do Pix ao criar a sua moeda digital (CBDC, na sigla em inglês). O objetivo central era desenvolver a versão digital do real físico e utilizá-la em contratos inteligentes que permitem a execução de acordos ou transações quando todas as condições pré-determinadas forem cumpridas.
A ideia era que todas essas transações fossem realizadas no DLT, espaço em que apenas instituições financeiras autorizadas e reguladas pelo BC poderiam atuar. O objetivo é garantir escalabilidade e segurança para o mercado monetário. Ainda em 2023, a autarquia iniciou a primeira fase do plano piloto do Drex. Segundo relatório divulgado, a CBDC ainda carecia de “maturidade em relação aos requisitos essenciais para um sistema monetário robusto e dinâmico”.
Já segunda fase do projeto foi lançada em 2024. Esta tinha o objetivo de avançar em temas como privacidade e casos de usos práticos da moeda digital. Um dos objetivos, por exemplo, seria simplificar a compra e venda de títulos públicos no mercado de capitais. No entanto, as dificuldades na implementação da plataforma blockchain e a mudança de prioridade da gestão do presidente Gabriel Galípolo tornaram o futuro do Drex incerto.
Uma fonte do mercado, consultada pelo Broadcast e que participa das discussões, considera que a falta de retorno sobre a segunda fase, cujo os resultados devem ser divulgados no início de 2026, é um indicativo de como a gestão atual do BC não prioriza o projeto.”Os participantes não têm visibilidade nenhuma. Está todo mundo no escuro”, disse a fonte.
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Diego Perez, presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), tem uma visão similar. Para ele, o ex-presidente Roberto Campos Neto era entusiasta das inovações tecnológicas e acreditava na infraestrutura blokchain como o futuro do sistema monetário. Já Galípolo está mais concentrado nos problemas relacionados à política monetária.
A complexidade e a imaterialidade do Drex acaba fazendo com que o projeto saia do campo de visão das pessoas. Até do ponto de vista do orçamento, tendo em vista que o BC tem recursos limitados, inclusive do ponto de vista de pessoal, acrescenta Perez ao Broadcast.
Com informações do Broadcast
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Daniel Rocha

